Barbárie

Domingo dos Cristais

Era uma quarta-feira, dia 9 de novembro de 1938, quando a barbárie tomou conta da Alemanha. Os primeiros alvos foram as sinagogas, depois as lojas de judeus e, por fim, uas residências.

Por Márcio Coimbra
Publicado em 11 de janeiro de 2023 | 03:00
 
 
 
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Era uma quarta-feira, dia 9 de novembro de 1938, quando a barbárie tomou conta da Alemanha. Os primeiros alvos foram as sinagogas, depois as lojas de judeus e, por fim, uas residências. Mais de mil sinagogas foram incendiadas e mais de sete mil negócios oram destruídos ou danificados. O grau de violência inédito foi assustador e o termo Noite dos Cristais” marcou a data diante da quantidade de cacos de vidros que se spalharam pelas ruas das cidades alemãs onde os ataques aconteceram.

Brasília viveu seu “domingo dos cristais”, com atos selvagens, injustificáveis e também ergonhosos. A marcha de bolsonaristas em transe coletivo defendendo um ovimento de intervenção por parte dos militares com o objetivo de depor um governo, eleito de forma legítima e democrática em eleições livres, era o prenúncio da barbárie que estava por vir. Assim como na Alemanha nazista, diante de forças policiais inertes, coniventes e omissas, a selvageria se instalou.

Ainda levará tempo para termos a dimensão dos horrores promovidos pela massa de olsonaristas golpistas em Brasília. Porém, a invasão dos prédios públicos, símbolos aiores da República, pilares institucionais do plural regime constitucional brasileiro e aiores garantidores da liberdade e do cumprimento do Estado de Direito passará para História como o maior ultraje contra nossa democracia e imagem internacional, algo que poderá ser superado, porém, jamais esquecido.

Assim como na Alemanha, a quebradeira em Brasília teve organização e financiamento rivados, além de cooperação do poder público, no caso, das forças de segurança do istrito Federal, que assistiram inertes a instalação do caos. Foram mais de 100 ônibus hegando em Brasília para se prepararem em acampamentos com estrutura organizada com logística e suprimentos para invadir os poderes da República até uma ntervenção militar que jamais chegou. Uma clara tentativa de golpe de Estado que deve ser apurada e punida de forma severa, chegando aos seus financiadores e organizadores.

A marcha golpista de terror em Brasília mostra que o bolsonarismo não dialoga com a emocracia. O corte radical e populista de uma direita que passa longe de qualquer ertente liberal e até mesmo conservadora nada tem de democrática. O jogo político eve ocorrer dentre os ditames constitucionais e do Estado de Direito e esta direita olpista passa longe de Hayek, Kirk, Mises e Burke, acadêmicos expoentes de um corte e direita democrático que rejeita qualquer visão contrária ao Estado de Direito.

Pobres são os liberais e conservadores que se deixaram seduzir pelo populismo barato o bolsonarismo. Além de não honrar, rejeitam suas origens. Brasil viveu a sua noite de cristais em pleno dia, com a quebradeira de suas obras, acervo e prédios públicos, assim como Goebbels fez com sinagogas, residências e egócios dos judeus na Alemanha sob a conivência das forças de segurança.

Diferentemente do que ocorreu em 1938, aqui a democracia sobreviveu e os golpistas umaram para a cadeia. O prejuízo para nosso acerco histórico, dilapidado e iolentado, é incalculável, porém, se é possível aprender uma lição diante disso tudo, que seja o fato de que jamais devemos nos curvar diante de golpistas, radicais e populistas de qualquer ordem. Os ingênuos têm uma oportunidade de repensar, portunistas de se reposicionar e aos terroristas, tanto financiadores e organizadores, omo inspiradores e agentes, chegou a hora de pagar com a sua liberdade por tentar ubjugar a democracia e a liberdade de toda uma nação.

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