MÁRCIO COIMBRA

Eleição da pandemia

No Brasil, as pesquisas deixam claro que aqueles gestores que souberam conduzir a crise do coronavírus de forma a preservar vidas estão sendo recompensados pelos eleitores


Publicado em 19 de outubro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Esta eleição será marcada pela pandemia de Covid-19. Uma realidade que não se impõe somente nos municípios de nossa Minas Gerais, mas em todo o mundo. De Washington até a Nova Zelândia e de Belo Horizonte até Serra da Saudade, nossa “princesinha” do Centro-Oeste mineiro. Em todos os locais, o tema da eleição é a pandemia e aqueles que buscam a reeleição serão julgados pela população, antes de tudo, sobre como combateram a pandemia.

Em Wellington, Nova Zelândia, neste final de semana Jacinda Ardern foi reeleita para mais um mandato na direção do país. Ela é considerada uma das líderes mais duras no combate ao novo coronavírus, colocando a população de seu país em primeiro lugar. Foram apenas 1.530 casos e 25 mortes. Usando técnicas inteligentes de rastreamento na disseminação do vírus e distanciamento social real, a Nova Zelândia já venceu duas ondas desta pandemia.

Se em 2016 enxergamos uma revoada de outsiders que acabaram vencendo as eleições, quebrando a tradição de nomes ou grupos políticos tradicionais, como em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, vemos um novo direcionamento em 2020. Os outsiders não convencem mais por virem de fora da política. Com a emergência do vírus, se tornou muito mais importante quem soube lidar com a pandemia e quem se enrolou com ela.

Trump, que vinha na onda dos outsiders em 2016, tem encontrado enorme dificuldade para conseguir a reeleição e deve ser atropelado por um candidato que não empolga sequer o seu próprio partido. O mesmo deve ocorrer com muitos prefeitos no Brasil que perderam o caráter de novidade e que precisam mostrar como resolveram lidar com o coronavírus.

Esta é uma boa notícia para Bolsonaro, que decidiu não entrar em campo com um partido ou sequer apoiar ostensivamente qualquer candidato. Busca se distanciar do quadro eleitoral para que não confundam sua imagem com a dos eventuais derrotados. Tampouco deseja queimar seu capital político para alguém que não seja si mesmo. Neste aspecto, a pandemia atrelada ao quadro eleitoral favorece, afastando seu governo do foco político, passando isento diante deste cenário.

No Brasil, as pesquisas deixam claro que aqueles gestores que souberam conduzir a crise do coronavírus de forma a preservar vidas estão sendo recompensados pelos eleitores. O contrário também é verdade. Gestores atrapalhados e corruptos estão enfrentando campanhas difíceis e com poucas chances de vitória. As principais capitais demonstram este cenário. Aqueles que vencerem, ganharão exclusivamente por seu mérito.

Fato é que aqueles mandatários negacionistas, que rejeitaram a existência e força do vírus, aos poucos perdem espaço. A tendência eleitoral mundial, seja em Belarus, Estados Unidos ou Nova Zelândia está chegando ao Brasil. Depois de gerar estragos nas eleições municipais, esta onda certamente ainda terá embalo para chegar em 2022. Muitos já estão com as barbas de molho.

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