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Gestão na política

Redação O Tempo


Publicado em 15 de janeiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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A pergunta é simples. Algum empreendedor brasileiro entregaria sua empresa para ser gerida por um político? A resposta é clara: não. Afinal, enquanto no mundo político existem acordos, acomodação de interesses e corporativismo, no mundo empresarial existe busca pela excelência, gestão e inovação. O resultado são companhias que geram lucros e distribuem dividendos aos seus acionistas.

Já no governo as coisas são diferentes. As dificuldades são conhecidas. Excesso de funcionários, ineficiência e atuação em áreas estranhas ao interesse público. A soma desses fatores faz com que a administração do Estado seja caótica, sem apresentação de resultados nem sequer minimamente satisfatórios para seus clientes e acionistas, ou seja, a população.

Fato é que nossos governos não são bem administrados. Até pouco tempo quem fosse eleito para um governo estadual ganhava de presente a administração de um banco pelo mesmo tempo do mandato. Isto causa arrepios em qualquer democracia moderna, mas infelizmente continua a ser prática no Brasil em alguns poucos governos estaduais e no plano federal. Com políticos no papel de administradores, o triste destino destes bancos não poderia ter sido diferente.

O exemplo se espalha pelo poder público. Vejamos a Petrobras. O maior caso de corrupção das democracias modernas, como lembrou o “The New York Times”. Os desvios na estatal não são novidade. Denunciado por Paulo Francis ainda na década de 90, o fantasma da gestão temerária, aliado aos interesses políticos, já causava danos para empresa. A Lava Jato apenas escancarou estas práticas que cresceram em sofisticação e volume com o passar do tempo.

Nossa máquina pública precisa de administradores ao invés de políticos. Especialmente depois dos desequilíbrios causados pelos anos petistas, que começaram a ser consertados pelo atual governo, cresceu a necessidade de gestão e boa administração da máquina pública. Mas quantos entre os postulantes ao cargo máximo do Brasil neste ano possuem em sua biografia a experiência administrativa necessária para ocupar a presidência?

O brasileiro tende a votar mais com a emoção do que com a razão. Enquanto nomes com zero experiência administrativa souberem encantar o eleitor, seremos reféns de representantes de grupos corporativistas que vivem apenas para defender as benesses que conseguiram garantir do Estado, subsidiadas por todos nós. Para cortar este ciclo, precisamos eleger líderes que reformem, enfrentem privilégios e tenham o compromisso de que apenas a boa administração e a eficiência são saídas para o Brasil.

Em 2018 é preciso olhar as biografias dos candidatos. Precisamos saber se são especialistas em distribuir privilégios ou executar boas políticas de equilíbrio e racionalização administrativa. Não precisamos de salvadores da pátria, justiceiros ou apresentadores de televisão. O país precisa de um bom administrador, que garanta razão na condução do governo. Alguém que desburocratize a máquina para que o Brasil volte ser dos brasileiros.

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