Como escrevi neste espaço, no próximo ano estaremos fechando mais um ciclo de 30 anos na política brasileira. Em média a cada três décadas vislumbramos uma mudança de fundo em nosso modelo político, com a renovação de lideranças e novos rumos no plano do desenvolvimento. Foi assim com o fim do Império, com a chegada de Vargas ao poder, a eleição de Jânio Quadros e o regime militar e com a eleição de Tancredo Neves e a Constituinte de 1988.
O ciclo da Nova República nasceu e chega ao seu ocaso em Minas Gerais. Foi inaugurado por Tancredo e se encerra com seu neto, Aécio, que depois de se tornar o grande depositário da indignação dos brasileiros contrários ao petismo, rejeitou liderar a oposição e deve submergir diante dos escândalos de corrupção que envolvem seu nome. Aécio forneceria alguma sobrevida ao ciclo, entretanto, a vitória de Dilma forneceu ainda mais combustível para o fim da sexta ou Nova República, que já mostrava os primeiros sinais de fadiga com as manifestações de 2013.
A renovação das lideranças políticas é um dos principais aspectos dos traços de transição de um período histórico. Vivemos hoje ainda sob influência de algumas poucas lideranças geradas pela quinta República, com os militares, mas essencialmente de políticos que encontraram seu apogeu na sexta República, que instituíram o Presidencialismo de coalizão e souberam fazer uso do modelo de bem-estar social trazido pela Constituição de 1988. A crise desse sistema, tanto político quanto econômico, serve de combustível para o início de uma renovação de fundo nos atores e nas instituições, assim como aconteceu no passado.
A Nova República chega ao seu fim cumprindo o papel de transição de um modelo autoritário para uma democracia plena, estabilização econômica e tentativa de inclusão social impulsionada pelo Estado. Esse modelo entrou em xeque diante dos desequilíbrios econômicos gerados pelo segundo governo Lula e os governos Dilma, corrupção em níveis inaceitáveis pela sociedade e o crescimento de jovens movimentos conservadores e liberais que reagem ao modelo vigente. O que surgirá daqui para frente ainda é incerto.
A limpeza na política será a tônica desse processo em 2018, impulsionado especialmente pela Lava Jato com a maior renovação da história recente em nosso parlamento. Esse movimento pode passar pelo fim de institutos como o foro privilegiado, assim como uma redefinição do modelo de Estado, tornando-o mais enxuto e menos assistencialista, uma visão liberal, ou mesmo pela ascensão de uma direita de corte mais conservador na economia. Entretanto, entende-se como possível o fim do ciclo patrimonialista-sindical gestado no fim do regime militar e que saiu fortalecido pelas políticas sociais garantidas na Constituição.
O Brasil precisa estar preparado para mais uma transição. Será um momento ímpar, um movimento que começa em 2013, encontrará sua inflexão em 2018 e se prolonga até 2022, quando deve se consolidar. A Sétima República está diante de nós.
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