Matheus Vieira Campos

A ascensão das energias renováveis com a pandemia

Responsabilidade com o ambiente e lucratividade


Publicado em 15 de agosto de 2020 | 03:00
 
 
 
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Quando surgiram no mercado, as fontes renováveis de energia enfrentaram forte resistência, principalmente devido ao elevado custo que demandavam. No entanto, com o passar do tempo, a humanidade foi se deparando com a necessidade de encontrar alternativas aos combustíveis fósseis, fazendo com que energias limpas, como a solar, eólica e hidráulica, conquistassem, cada vez mais, espaço.

No último ano, o valor investido em fontes de energia renováveis foi de aproximadamente US$ 282,2 bilhões no mundo, segundo levantamento da BloombergNEF (BNEF), empresa de pesquisa do setor.

No Brasil, não é diferente. Com o avanço da tecnologia e do interesse global por uma economia mais sustentável, as fontes renováveis têm ocupado um espaço significativo na nossa matriz energética. Segundo informações da BNEF, o investimento nesse tipo de energia no país foi de aproximadamente US$ 6,5 bilhões em 2019. Aumento de 74% em relação ao ano anterior.

O investimento de R$ 2,4 bilhões no parque eólico Rio do Vento, anunciado neste ano, ilustra essa tendência. O complexo tem capacidade para a produção de 504 MW de energia e deve atender várias empresas. Uma delas é a Anglo American, que se comprometeu a aumentar para 70% a parcela de energia renovável usada em suas operações até 2022. Vale, Tivit, Vulcabrás e Honda são outros exemplos de organizações que também seguem essa tendência.

Um dos principais motivos para o fortalecimento das fontes alternativas de energia é a instabilidade do mercado de combustíveis fósseis, que deve ser acentuada com a pandemia. Segundo a americana Center for International Environmental Law, especializada em direito ambiental, as indústrias que atuam com combustíveis fósseis já perderam aproximadamente 45% em valor de mercado neste ano. Trata-se da maior queda de demanda por petróleo em 25 anos.

No entanto, o avanço da utilização de energias renováveis depende da criação de um ambiente favorável. É importante que o setor público repense as prioridades energéticas, principalmente diante do potencial poluidor dos combustíveis fósseis. Uma pesquisa da universidade de Berkeley, nos EUA, realizada ao longo de oito anos, mediu o impacto da redução da emissão de gases poluentes na saúde pública. O estudo concluiu que a substituição dos combustíveis fósseis por fontes de energias renováveis geraria uma economia de US$ 87 bilhões em gastos com saúde pública, compensando todos os investimentos iniciais.

Portanto, além de ser uma forma de contribuir com a redução da poluição atmosférica, investir em energia renovável pode ser uma alternativa lucrativa, tanto para empresas quanto para governos. Principalmente no pós-pandemia, em que a demanda por modelos de negócios que promovam a qualidade de vida deve crescer.

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