Ter um espírito empreendedor é fundamental para fazer um novo negócio funcionar. Mas, na maioria das vezes, somente ter uma ideia inovadora e o desejo de disponibilizá-la no mercado não basta. Um fator importante para execução, que também é um dos maiores desafios enfrentados pelos jovens empreendedores, é o financiamento. São poucos os privilegiados que podem contar apenas com recursos próprios neste momento. Por isso, os investimentos externos podem ser grandes aliados.

Um fundo que se destaca nesse sentido é o de Venture Capital, que permite aos investidores adquirirem participações acionárias em empresas de pequeno porte e com alto potencial de crescimento. Trata-se de um mercado em constante desenvolvimento no Brasil. Segundo um levantamento da Distrito, empresa de inovação aberta que realiza projetos voltados para o empreendedorismo, o montante investido pela modalidade em 2019 foi de US$ 2,7 bilhões, um aumento de 80% em relação a 2018. Nubank, Meliuz e Hotel Urbano são algumas das empresas que se desenvolveram por meio de Venture Capital.

No entanto, apesar do inegável crescimento, trata-se de uma modalidade que ainda é tímida no Brasil. Nos EUA, por exemplo, o capital levantado pelas empresas via Venture Capital em 2019 foi de US$ 51 bilhões, segundo dados da National Venture Capital Association (NCVA).

Esses números nos levam a questionar: o que falta para que os investimentos em Venture Capital alcancem todo seu potencial? Apesar da inevitável influência de fatores macroeconômicos, a relação que se estabelece entre os investidores e os empreendedores exerce grande influência nessa questão.

Com medo da perda de controle sobre o negócio, do aumento da burocracia e do esforço necessário para concretizar o investimento, muitos empresários acabam recorrendo a empréstimos tradicionais em bancos ou até mesmo ajuda de amigos e familiares. O que, além de arriscado, pode prejudicar as chances de sucesso no longo prazo.

Por outro lado, os investidores que atuam em Venture Capital têm uma tendência a apresentarem abordagens agressivas. Exigindo um retorno grande demais para compensar o risco e diluindo excessivamente a participação do empreendedor em seu próprio negócio.

A solução para esses impasses depende de um alinhamento. A negociação deve ser humanizada e racional, considerando os interesses conflitantes e as limitações de ambas as partes. Afinal, trata-se de uma operação de risco. É importante que investidores e empreendedores tenham clareza para enxergar que, apesar de estarem de lados opostos da equação, eles compartilham um mesmo objetivo final, que é o desenvolvimento e geração de valor pelo negócio.