O varejo brasileiro, assim como a maioria dos setores da economia, também viu seus resultados extremamente comprometidos diante da pandemia. No mês de abril, por exemplo, as medidas de isolamento decretadas pelas autoridades contribuíram para que as vendas caíssem 16,8%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a baixa mais acentuada desde 2001.

Mas, apesar dos resultados negativos no curto prazo ocasionados principalmente pela redução da demanda, a situação ajudou a impulsionar a transformação digital nas empresas, que se viram obrigadas a se reinventar para continuarem ativas. Exemplo disso é a força que o comércio virtual adquiriu no período. Segundo o estudo “E-commerce na Pandemia”, realizado pela plataforma Nuvemshop, as vendas nessa modalidade aumentaram 145% no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2019.

Apesar de ter sido acelerada com a pandemia, a modernização do varejo já estava em andamento. Um levantamento do Distrito Retailtech Report afirmou que atualmente existem no Brasil 644 retailtechs, ou seja, startups focadas em comércio varejista. Essas companhias oferecem soluções em diversas vertentes, como: e-commerce, gerenciamento de estoques, engajamento do consumidor, logística, operações, entre outros. Agora, com a tecnologia cada vez mais presente no setor, a tendência é que esse ambiente de negócios se torne ainda mais rentável e competitivo.

Loggi, Madeira Madeira e VTEX são algumas das startups que se destacam nesse cenário. Com os aportes recebidos por elas em 2019, o setor de retailechs no Brasil bateu recorde em volume de capital. Foi um total de US$ 520 milhões.

Outro fator que contribui para o fortalecimento das retailtechs é o elevado potencial de desenvolvimento do varejo. Em fevereiro deste ano, a Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) publicou uma pesquisa afirmando que a expectativa de crescimento para o setor era de 5,3%, somente em 2020.

Naturalmente, tal realidade será afetada pela pandemia, mas os números mais recentes já demonstraram a resiliência do setor, que tem dado sinais de uma recuperação rápida. O IBGE divulgou recentemente informações mostrando que, entre julho e agosto, o comércio varejista cresceu 3,4%, superando as expectativas dos especialistas.

Considerando as perspectivas do mercado e a acelerada transformação digital que já pode ser observada, o varejo assume um papel importante na retomada econômica do Brasil. O elevado número de startups acompanha o crescimento significativo do setor, que deve se tornar ainda mais receptivo para soluções inovadoras e gerar importantes oportunidades de negócio.