O combate à pandemia da Covid-19 tem mobilizado esforços em toda a sociedade, especialmente no mundo corporativo. Devido à restrição de circulação e aglomeração de pessoas, imposta pelas autoridades de saúde, muitas empresas tiveram que se adaptar e recorrer à adoção, por exemplo, do regime de Home Office, no qual os funcionários cumprem a carga horária de trabalho em suas casas.

A força que essa modalidade tem adquirido no Brasil é comprovada por uma pesquisa publicada em março deste ano pela consultoria Betania Tanure Associados (BTA). O levantamento, que ouviu 359 empresas brasileiras, constatou que 43% delas adotaram regime de Home Office durante o período de isolamento social.

Apesar de estar vivenciando um crescimento pontual atualmente, a modalidade não é nova. Desde a popularização da internet e dos dispositivos móveis existem empresas adeptas da prestação de trabalho remoto. Um exemplo é a Ticket, companhia que atua no ramo de refeição e alimentação-convênio, que economizou R$ 3,5 milhões em custo de operação após adotar o regime em toda sua equipe comercial.

Oferecer aos colaboradores a possibilidade de realizar suas tarefas em casa pode trazer uma série de benefícios, não somente a eles, que terão um desgaste menor com o deslocamento, mas também para a empresa. Com uma quantidade reduzida de pessoas no ambiente de trabalho, é possível economizar com equipamentos, espaço físico e custos de transporte.

No entanto, trabalhar com uma equipe descentralizada também traz algumas desvantagens. A distância física entre lideranças e colaboradores pode dificultar o gerenciamento da equipe, que pode ter uma queda na produtividade devido às inúmeras distrações do ambiente doméstico. Além disso, é preciso abrir mão da interação social entre os participantes, que geralmente rende insights valiosos para o negócio.

Com o aumento do interesse pela modalidade, surgem também várias alternativas para reduzir seus impactos negativos. O mercado oferece plataformas cada vez mais sofisticadas, que atendem profissionais de diversos segmentos e podem ser acessadas em qualquer lugar. Além disso, ferramentas como Skype, Zoom, Teams e Google Hangouts, por exemplo, podem ser citadas como facilitadoras nesse processo. Com elas é possível garantir uma comunicação efetiva, ficar mais próximo da equipe e tornar o Home Office quase tão produtivo quanto o trabalho presencial.

A transição do modelo presencial para o remoto, ainda que temporária, pode ser trabalhosa. Muitas vezes é preciso transformar a cultura organizacional, definindo e difundindo novas metodologias e ferramentas entre os colaboradores. Apesar de ser um desafio para muitas empresas, essa situação pode ser encarada como uma oportunidade de testar uma nova lógica de trabalho, que tem potencial para ser bem sucedida e ir muito além da pandemia.