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Mudanças no cheque especial

Redação O Tempo

Por Carlos Eduardo Costa
Publicado em 18 de abril de 2018 | 03:00
 
 
 
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Entre os brasileiros endividados, boa parte da dívida se deve ao uso do cheque especial. É talvez a fonte de financiamento mais fácil de ser utilizada. Basta ter um limite concedido pelo banco e então fazer um saque, emitir um cheque ou usar o cartão de débito.

Em qualquer aperto, a forma mais fácil de sair dele é recorrendo ao limite. E a justificativa é quase sempre a mesma: depois, eu cubro o valor. O problema é que outras contas vão chegando, e não sobra dinheiro para cobrir o cheque especial. Ou mesmo cobrir o limite acaba fazendo com que todo o salário seja utilizado e, com isso, acaba faltando dinheiro para as contas do mês. E a saída é entrar novamente no limite. Para muitos, é um beco sem saída! Tudo complica ainda mais com a taxa de juros que os bancos cobram pela utilização do limite de cheque especial. Estão entre as maiores taxas de todas as opções de fonte de financiamento.

Um levantamento do Banco Central publicado neste mês mostra que, 16 meses após o início do corte dos juros pelo governo, a taxa cobrada no cheque especial quase não saiu do lugar. A modalidade de crédito é a única a não acompanhar o recuo da Selic. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) diz que os juros elevados, os quais passam de 300% ao ano, devem-se à alta inadimplência na linha. Taxa de juros nessa magnitude leva mesmo o cliente à inadimplência.

Para tentar mudar essa realidade a Febraban anunciou novas regras de funcionamento do cheque especial. A partir de 1º de julho, bancos irão oferecer uma porta de saída a clientes que usarem 15% do limite de sua conta por 30 dias. Será oferecida uma alternativa de parcelamento com juros mais baratos. A adesão a essa nova operação mais barata não será obrigatória, como acontece com quem usa o rotativo do cartão de crédito. A oferta será feita nos canais de relacionamento, e o cliente decide se adere ou não à proposta. Caso não aceite, nova proposta deverá ser feita a cada 30 dias.

Os bancos também irão alertar o consumidor quando ele entrar no cheque especial. A comunicação será feita sempre cinco dias úteis após o cliente passar a usar o percentual de 15% do limite (desde que o valor utilizado seja superior a R$ 200).

A grande crítica que se faz a uma proposta como essa é que as ações se limitam a tratar do uso do cheque especial, que é consequência de problemas maiores que as pessoas podem estar enfrentando em sua vida financeira. Seriam interessantes ações que ajudassem os clientes a melhorarem seus hábitos financeiros. Com o controle maior de sua vida financeira, não precisariam recorrer ao limite do cheque especial.

E as ações anunciadas não limitam a possibilidade de um superendividamento. Utilizando-se o cheque durante um período, uma proposta será feita, e, caso venha a ser aceita pelo cliente, ele assumirá o compromisso de honrar várias parcelas mensais. Nada impede que ele volte a utilizar o limite e tenha que aceitar mais um parcelamento proposto. Em pouco tempo, ele poderá estar comprometido com várias parcelas, muitas vezes, além de sua capacidade de pagamento.

Com ou sem mudanças, o melhor conselho ainda é ficar longe do cheque especial!

Planeje bons hábitos para 2018. Invista em sua educação financeira.

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