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Mineira Investor quer atender 30% das mil maiores empresas do país
Entrevista com Rodrigo Garcia, Diretor de Finanças Corporativas da Investor Avaliações
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A mineira Investor tem mais de R$ 200 bilhões avaliados em ativos e, nos últimos anos, ela vem crescendo ao ritmo de 24% ao ano. Rodrigo Garcia, diretor de finanças corporativas da Investor Avaliações, acredita que esse ritmo tende a se manter para a próxima década podendo até aumentar. A seguir, a entrevista dada a O Tempo.
Qual foi a demanda que a Investor observou dos clientes e novos clientes no cenário pandêmico e agora num cenário com vacina?
Recebemos uma demanda bem forte em meio a pandemia para laudo de Valuation com a finalidade de Dissolução Societária. Percebemos que a pandemia desgastou a relação dos sócios e com isso esse número subiu bastante, outro laudo em que a demanda aumentou, foi o de Avaliação Imobiliária com a finalidade de Inventário para partilha de herança, ano passado recebemos uma demanda 18% maior. Esse ano com a expectativa da vacina, o laudo de PPA, ou o laudo de apuração do preço de compra, que é feito com o intuito de determinar o valor do ágio pago em uma operação de aquisição de controle societário, foi o mais pedido, acreditamos que em 2020 muitas dessas aquisições ficaram reprimidas, mas 2021 chegou com muita força, e por se tratar de um laudo regulatório, estamos sendo muito procurados.
São mais de R$ 200 bilhões avaliados em ativos para clientes em 10 anos, e principalmente em ativos de quais setores?
Temos uma participação muito forte em infraestrutura. Acabamos de comemorar a privatização da Companhia de Eletricidade do Amapá para a Equatorial Energia, processo em que participamos da modelagem econômico-financeira para a desestatização, entregamos neste ano também o mesmo escopo de avaliação para a futura privatização da Companhia Docas Espírito Santo, dentre outros contratos firmados com o poder público para avaliação de ativos de Distribuição de Gás, Rodovias, Geração e Distribuição de Energia. Nos clientes privados, atuamos em diversos setores, tais como saúde, indústria, educação, varejo, tecnologia, transporte, instituições financeiras, esporte, entre outros. Nossas soluções são customizadas para cada tipo de negócio.
A Investor traz soluções estratégicas com análises nas áreas de finanças corporativas, consultoria imobiliária e gestão do ativo imobilizado para o cliente. Qual é o objetivo dessas análises?
Cada cliente entra com uma demanda específica, seja para atender obrigações regulatórias, como os laudos de incorporação de empresas, Laudo de PPA - Alocação do Preço de Compra, Teste de Recuperabilidade do investimento, marcação de cotas de fundo, dentre outros que servem para atender uma norma contábil, Receita Federal e ritos específicos para empresas S/A; Outra questão é obter informações que irão auxiliar os executivos na tomada de decisão, como no caso do laudo de Valuation para fins de compra ou venda de empresas, imóveis e terrenos, planejamento sucessório, estudos de viabilidade para novos investimentos ou expansão de linha de produção; Outra finalidade é para o cliente gerir seus investimentos, patrimônio e estoque, através dos nossos serviços de revisão de vida útil dos ativos, conciliação físico contábil e emplaquetamento patrimonial. Um dos nossos diferenciais de mercado é que conseguimos atender o cliente em todas estas demandas, com isso, sempre entramos com uma visão holística, entendendo como cada avaliação pode interferir em processos futuros, desta forma, acabamos entregando para o cliente mais que apenas um laudo. Para vários parceiros, desenvolvemos soluções completas, deixando o cliente focado nas suas atividades de rotina, enquanto realizamos todos os laudos regulatórios, gestão patrimonial, coordenação de processos junto à auditoria externa e suporte de informações para tomada de decisão e transparência para acionistas.
Na Investor, a equipe ajuda a avaliar empresas, ativos, imóveis e empreendimentos, qual tem sido a demanda maior por parte dos clientes nesse momento atual da pandemia e o que esperar do perfil de análise no momento pós-pandemia?
A pandemia acelerou alguns processos e trouxe vários desafios para a maior parte dos empresários. No primeiro momento, todos nós fomos obrigados a encarar a digitalização de procedimentos internos, relacionamento com clientes, vendas etc. O nosso “novo normal” é digital e muitos dos nossos clientes tiveram que reinventar suas atividades, sem perder o foco na missão de suas empresas. A digitalização trouxe para muitos uma redução significativa de despesas e acesso a mercados até então não explorados, porém, tivemos clientes que não conseguiram suportar as instabilidades e incertezas do mercado, virando alvo para outros parceiros que enxergaram boas oportunidades de aquisição, acelerando a consolidação de alguns setores que iriam demorar mais alguns anos para acontecer. Todo este processo demanda recursos e por conta da redução da taxa de juros Selic, que estávamos experimentando desde agosto de 2019, chegando no seu menor valor em agosto de 2020 de 2% ao ano, tivemos uma oferta de dinheiro expressiva no mercado. Muitos investidores que aplicavam em produtos tradicionais de instituições financeiras, viram seus rendimentos não render quase nada, ou até mesmo, não ultrapassar nem a inflação. O resultado foi a migração destes investimentos para a economia real, por meio da Bolsa de Valores, fundos de investimento ou via investimentos diretos em empreendimentos. Nos ciclos de afrouxamento das restrições de circulação e comércio, observamos uma demanda reprimida por consumo em todos os setores. Diferente de outros países, o Brasil pré-pandemia vivia um momento econômico interessante, que acredito que será retomado no pós-pandemia. Nossas empresas estão enxutas, temos uma pequena parcela da população com muito apetite e recursos para consumir, o que leva a uma demanda futura de empregos. Sem contar outras áreas que naturalmente irão ganhar mais representatividade na economia, como o agronegócio (Brasil é um dos únicos países com capacidade de expandir consideravelmente suas fronteiras agrícolas) e infraestrutura (temos dimensões continentais e necessidades de investimento em todas as esferas de infraestrutura).
Dos 700 laudos entregues, 180 cidades e 20 Estados, mais de R$ 200 bilhões avaliados em ativos e 250 mil ativos inventariados, qual é o perfil do cliente da Investor, o que ele procura quando acessa os serviços da Investor?
Com 10 anos de experiência, nosso perfil são clientes de médio e grande porte. Muitos nos procuram por referência e pela qualidade dos nossos laudos, a grande maioria por se tratar de laudos regulatórios. Ter uma empresa que tenha um portfólio amplo e atestação técnica em todos os setores, faz com que a confiança em nossos laudos seja incontestável. Outro ponto de destaque é o fato de que na Investor Avaliações, temos uma estrutura de aprovação e execução de laudos praticamente horizontalizada, assim, nossos parceiros mantêm contato direto com os sócios que irão liderar a equipe de analistas e assinar os respectivos laudos. Isso se traduz em agilidade na entrega dos laudos e menor probabilidade de retrabalho.
O que esperar do mercado e do comportamento do cliente e o que a Investor vai poder fazer pelo seu cliente e como ele vai se comportar no período pós-pandemia?
Se tratando de mercado externo, o Brasil tende a se manter em uma posição muito interessante no cenário pós-pandemia. O agronegócio é o carro-chefe do país, e como dito anteriormente, o Brasil é um dos poucos países que têm capacidade de expandir a sua fronteira de produção agrícola e isso acontece apenas aqui e em alguns poucos países da África. O diferencial é que o Brasil possui a tecnologia agrária de ponta, inclusive desenvolvemos muitas dessas tecnologias, o que faz com que o país continue sendo um grande exportador de commodities, sendo bem representativo na produção mundial de alimentos. Entrando na infraestrutura, o Brasil continua sendo uma excelente oportunidade de investimento, principalmente para investidores externos, temos demanda para investimentos em diversas áreas como: saneamento básico, distribuição de energia, rodovias, ferrovias, portos, ou seja, temos demanda para investimento em praticamente todos os ativos de infraestrutura. As nossas concessões trazem retornos bem expressivos para o investidor externo, então são ótimas oportunidades, se comparado com o retorno que ele teria em qualquer empresa ou ativo que investisse no seu país de origem, nós ainda temos excelentes margens e empresas excelentes. No mercado interno, boa parte dos investidores brasileiros migraram para os investimentos na economia real, através da Bolsa de Valores, ou por meio de fundos de investimento e isso tende a continuar nos próximos anos. A democratização dos produtos de investimento aumenta a oferta de dinheiro no mercado para financiar a expansão das empresas. Todo esse ciclo de investimento externo e interno, acaba gerando demanda para os nossos serviços, e a Investor Avaliações tende a continuar entregando um serviço não só de avaliação, mas um serviço de apoio estratégico para seus clientes, seja para a tomada de decisões internas ou para melhorar a governança da empresa trazendo mais transparência para os acionistas.
Qual é o plano plurianual da Investor para a próxima década, quais são os resultados que a empresa quer atingir em números, em ativos avaliados?
Nos últimos anos a Investor vem crescendo ao ritmo de 24% ao ano e acreditamos que esse ritmo tende a se manter para os próximos 10 anos, podendo até aumentar, isso porque temos nos posicionado no mercado de médias e grandes empresas. Nosso objetivo é chegar a atender 30% das mil maiores empresas do país, e já atingimos uma parcela interessante da nossa meta. Alguns dos nossos clientes fizeram o IPO esse e ano e alguns estão se estruturando para fazer nesse ou no próximo ano, já temos vários parceiros que estão listados na B3 e o que todos eles têm em comum é estratégia de crescimento inorgânico, ou seja, são companhias que estão captando dinheiro no mercado para fazer aquisição de novas empresas, e esse é um processo que demanda vários serviços que a Investor Avaliações oferece, gerando assim uma recorrência muito interessante vinda desses clientes.Para os próximos anos, vamos aumentar o nosso portfólio de serviços, atendendo algumas demandas de nossos clientes, como por exemplo a emissão dos Relatórios de Resultado para a Área de Governança, Riscos, Integridade e Controles Internos - GRIC, e ampliar a nossa atuação geográfica dentro do país.
Acredita que a economia mineira ainda tem bons ativos para crescer? Qual ou quais setores têm apresentado mais fôlego para crescer?
Claro, Minas Gerais vem vivendo um de seus melhores momentos com relação aos investimentos nos últimos anos. Segundo o Banco Mundial, o Estado de Minas Gerais já é o segundo melhor Estado para se investir no país. E segundo o Indi, agência de promoção de investimento e comércio exterior de Minas Gerais, em 2020 o Estado fechou com R$ 32 bilhões em investimento e a expectativa é que para o ano de 2021 chegue em R$ 60 bilhões. E temos várias áreas que podem ainda crescer e que estão com um forte crescimento. Minas Gerais, além de ser um grande berço do agronegócio, também apresenta excelentes oportunidades de investimento em energia. Hoje o Estado detém os maiores investimentos em energia renovável do país. Já era um estado com grande relevância no mercado de geração de energia hídrica e agora está despontando nas gerações fotovoltaicas e eólicas. Temos também o setor de mineração, que devido ao preço atual do minério de ferro e ao câmbio, trouxe grandes oportunidades de investimento para o setor, que tende a se desenvolver e crescer nos próximos anos. Minas Gerais está praticamente no coração do país, é via de acesso para vários estados, é o segundo maior estado exportador do país, o que gera muitas oportunidades de investimentos nos modais rodoviário, ferroviário e aeroportuário. Além disso, somos um dos maiores celeiros de startups do país, muitas das fintechs que despontam no país, foram desenvolvidas em Minas Gerais, além de diversas startups que ganharam destaque dentro e fora do país. Isso mostra o espírito empreendedor do mineiro, e que com certeza temos muito ainda para crescer e ter ainda mais ciclos de investimentos expressivos como temos observado nestes últimos anos.
Ano que vem tem eleição, qual é o reflexo disso no ânimo dos clientes para novos investimentos no país e em diferentes Estados, isso deve dar uma freada nos investimentos?
Investimento sempre tem que ser visto com uma visão de longo prazo, então independente da polarização política que estamos vivendo hoje, é muito difícil que o Brasil perca sua característica de ser um país democratico e laico. Pode ser que, por conta dessa polarização política que estamos vivendo, no curtíssimo prazo alguns investidores se sintam um pouco receosos frente aos resultados das eleições, já que qualquer resultado vai desagradar uma das partes e essa parte tende em um primeiro momento a restringir um pouco seus investimentos. Mas como eu citei, investimento sempre tem que ser visto no longo prazo, então os investimentos não deixarão de ser feitos. Podemos sim ter um atraso de alguns meses após a eleição, vai existir um período para poder entender como vai ser a reação da economia frente ao resultado, mas os investidores não vão deixar de aproveitar as oportunidades que o país oferece. Nós temos diversas oportunidades e entregamos muita rentabilidade frente a outros países, nossas empresas são muito mais rentáveis e isso vai continuar sendo relevante para investidores internos e externos.
Dólar alto e investimentos na economia brasileira é uma equação viável?
Sim, é uma equação viável, o que estamos vivendo agora, com a desvalorização do real, tem a ver com o efeito pandemia, e vários investidores, principalmente os pequenos, no momento de instabilidade econômica, tendem a ficar mais avessos ao risco. Isso não acontece só no Brasil, acontece em vários países onde esses investidores pequenos migraram parte de seus investimentos para títulos do tesouro americano, que historicamente são títulos mais estáveis e com muita liquidez de mercado. O tesouro americano sempre foi um balizador para a economia mundial, sendo considerado um ativo livre de risco, e esse foi um dos motivos que fez com que o dólar fosse valorizado frente a maioria das outras moedas internacionais.Olhando para o Brasil, temos alguns setores que saem ganhando com o aumento do dólar, como por exemplo o agronegócio que está vivendo um período muito interessante, como exportador de commodity, é um dos poucos países com capacidade de expansão das suas fronteiras agrícolas, o agronegócio brasileiro ficou extremamente competitivo internacionalmente. E isso se junta à redução da oferta internacional, ocasionada pela paralisação da produção de alimentos em alguns países durante a pandemia, o que pressionou a produção brasileira de alimentos, fazendo com que nossa inflação aumentasse, uma vez que parte expressiva da nossa produção foi destinada para abastecer os mercados internacionais. Hoje a inflação é uma grande preocupação para o país, nós dependemos de reformas estruturais para poder segurar o efeito inflacionário, então precisamos da reforma tributária e da reforma administrativa para conseguirmos ter uma redução significativa dos custos, aumentando o poder de compra do brasileiro, fomentando assim o desenvolvimento de vários setores da economia e atraindo mais investimentos e fortalecendo o real. O dólar alto é um bom atrativo para o investidor estrangeiro, principalmente para o investidor de grande porte, como é o caso dos estrangeiros que participam dos investimentos em infraestrutura no Brasil, temos visto alguns processos de privatização com participação bem relevante de capital estrangeiro, e isso é bem interessante para o brasileiro no geral, já que boa parte desses leilões são realizados na modalidade de maior outorga e menor tarifa, ou seja, além de injetar um recurso, muita das vezes relevante, para a obtenção da concessão, o novo concessionário é obrigado a fornecer a infraestrutura a preços mais baratos e/ou em qualidade melhor ao que estava sendo praticado pelo gestor público. Isso faz com que lá na frente o brasileiro tenha custos mais baratos de produção, escoamento de produtos e uma melhor estabilidade no fornecimento dos recursos necessários para a expansão da produção nacional.
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