Fui ver o filme "Ninguém Conhece o Duro Que Dei", em que é narrada a história do cantor mais popular dos anos 60 e 70, Wilson Simonal, vítima de intolerável e revoltante perseguição política que culminou com seu ostracismo e morte. O documentário, que recorda o extraordinário sucesso do artista, especialmente na cena em que comanda um coro de vozes de 30 mil pessoas no Maracanãnzinho - impressionante demonstração de aceitação popular e artística e as consequências daí decorrentes: o aumento de seu prestígio e das graças da boa fortuna a gerarem despeitos e ódios enrustidos contra homem de cor distanciado de esquemas ideológicos ou políticos -, deve ser visto como testemunho incontrastável do quanto pode o terrorismo ideológico quando acionado sem peias e medidas. Vítima de mal-entendido transformado em intriga, Simonal cai na desgraça dos comandantes da esquerda daquele tempo, especialmente do jornal "O Pasquim", erigindo-o como alcaguete de militares contra militantes esquerdistas, sem demonstrar a existência de uma só vítima. Vendo o documentário, fazendo exercícios de memória, acatando como válidos e sérios os depoimentos de coetâneos do cantor, realmente só existe uma única razão para a ação terrorista de cunho ideológico praticado contra o artista: forte carga de despeito e a indisponibilidade de seu carisma para as patrulhas ideológicas que combatiam o regime militar. Quando perceberam não poder contar com Simonal para seus objetivos políticos, para os quais muitos artistas se deixaram envolver mesmo sem qualidades que os colocasse aos pés do grande Wilson Simonal, naquele tempo com prestígio popular nos mesmos níveis de Roberto Carlos, decretaram a morte política e artística do crioulo que despertava infindas alegrias entre as multidões. Por que Simonal o escolhido e não Roberto Carlos, este também refratário ao uso de sua imagem para finalidades políticas? Esta é a dúvida que assalta quantos puderam testemunhar na época o episódio do cumprimento da sentença do silêncio imposta ao cantor para poder dela se livrar ao ouvir os depoimentos gravados no filme, entre os quais o de Chico Anysio, que pediu fosse identificado alguém, filho ou neto, parente próximo ou distante, vítima da ação de alcaguete de Simonal. Essa forma de justiçamento de tribunais ocultos é regra geral dos regimes autoritários de origem marxista, no Brasil sublimada com tonalidades nativas especiais, que permitem sejam pagas às supostas vítimas do sistema, travestidas de julgadores, polpudas indenizações e folgadas pensões que lhes permite posar para a história como defensores da democracia e da liberdade. E, por espantoso que possa parecer, dois dos acusadores de Simonal, ex-editores de "O Pasquim", aquinhoados com largas indenizações, prestam depoimento no filme, dos quais se extrai o sumo do desprezo e do deboche com que se apresentam perante a história e a áspera verdade que dela se extrai do quanto de brutalidade cometeram contra o artista.
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