MURILO ROCHA

Rebelião mineira

Redação O Tempo


Publicado em 24 de fevereiro de 2017 | 03:00
 
 
 
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A indicação do peemedebista do Paraná Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça deflagrou uma revolta, ou melhor, uma ameaça de revolta de deputados mineiros contra o Palácio do Planalto.

A rebelião foi anunciada ontem e é liderada pelo coordenador da bancada e vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), o Fabinho Liderança. Próximo de Temer, inclusive orgulhando-se até pouco tempo da intimidade com o presidente, Fabinho disse não aceitar mais o pouco caso do Planalto com Minas Gerais. O Estado, considerado uma força política num passado recente, não tem nenhum assento na Esplanada dos Ministérios, mesmo tendo votado em peso pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) – 41 parlamentares votaram a favor, e 12, contra.

A insatisfação dos mineiros com o governo Temer não é uma novidade. Desde quando assumiu o cargo, o presidente é acusado pelos parlamentares do Estado de não prestigiar as demandas da bancada mineira. Parte dessa indignação recai sobre o chamado “quarto andar” do Palácio do Planalto, onde hoje estão os ministros Eliseu Padilha (chefe da Casa Civil) e Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), responsáveis pela interlocução com o Congresso. “Com esse quarto andar, Temer vai ter dificuldade para aprovar projetos de seu interesse neste ano. Não vai ser mais como no ano passado, quando os deputados atenderam um pedido pessoal do presidente para aprovar propostas de seu interesse”, confidenciava Fabinho em conversas de bastidores antes da ruptura com o presidente.

Agora, o parlamentar mineiro não tem dúvidas de uma nova realidade para os planos do Planalto no Congresso, agravada pela promessa de rebelião da turma de Minas. Na prática, essa indisposição com parte da Câmara inviabilizaria o principal projeto do governo Temer: a reforma da Previdência. “Hoje (o projeto) não tem nem 70 votos na Casa”, afirma um deputado bom conhecedor dos meandros da Câmara.

Ou seja, independentemente se é só ameaça ou fogo de palha, uma insurgência dos deputados mineiros, liderada por Fábio Ramalho, contra o Planalto, o movimento não poderia vir em pior hora para o sempre frágil governo Temer. Além de coordenador de bancada, Fabinho é vice-presidente da Câmara e, pelo teor das entrevistas dadas ontem, ele está disposto a dificultar a vida do ex-aliado no Legislativo. Para quem já não conta com apoio popular, perder fatias consideráveis de respaldo no Congresso pode representar um desastre à vista.

Aposta no interior. Mesmo com uma administração cambaleante e envergonhada, minada por acusações em diversas áreas e esferas contra o governador e por uma situação financeira aflitiva, Fernando Pimentel (PT) já pensa e trabalha para uma reeleição. O petista tem cumprido intensa agenda no interior semana após semana.

Se vai ganhar ainda é cedo para dizer. Mas fica claro uma estratégia de sobrevivência política e, principalmente, pessoal. Enquanto governador, Pimentel tem foro especial para responder ao arsenal de denúncias. Fora de um cargo no Executivo, o petista estará vulnerável.

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