Lúcio Júnior - Open Mind bra

Demissão em massa e o avanço da realidade paralela

Queremos algo diferente, mas que diferente é esse?

Por Lúcio Júnior
Publicado em 19 de janeiro de 2022 | 16:21
 
 
 
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Vida pressupõe movimento!

O que acontece se não movimentamos o nosso corpo?

Ele adoece.

E a água quando fica parada?

Apodrece.

E se não atualizamos os nossos conceitos?

Não evoluímos.

Eu sei, é cansativo.

Estamos sempre tentando ficar no que é conhecido. O nosso cérebro tem essa tendência, ele trabalha dia e noite para criar respostas automáticas e, assim, redirecionar energia para novas atividades.

Por isso tanto entusiasmo quando identificamos uma oportunidade de “ficarmos no esquema de sempre.”

Mas algo se rompeu com a pandemia.

Parece que as pessoas estão se sentindo mais à vontade para fazer diferente.

Acho que a pandemia exigiu tanta reconstrução pessoal que chegamos a um ponto em que, deliberadamente, não se quer voltar ao que era antes.

Um exemplo é a alta taxa de turnover voluntário nas empresas.

No turnover voluntário é o empregado que se demite.

Novos sonhos, novos projetos, oportunidades melhores, busca por mais qualidade de vida, novos valores.

Ainda não se sabe ao certo o que tem provocado esse pedido de demissão em massa.

Fato é que as empresas estão repensando os pacotes de retenção de talentos, mas nem sempre a oferta de benefícios, como política de home office, aumento de salário, plano de carreira, é suficiente para convencer o funcionário a ficar.

Ouço alguns executivos pontuarem que os profissionais parecem estar em um movimento de busca de sentido nas atividades, na vida, especialmente os jovens.

Olhando por esse ângulo, isso é muito bom.

Teremos daqui um tempo uma sociedade mais preocupada com qualidade que com quantidade? Com a autossatisfação do que em atender a demanda do status quo?

Mas pessoas estão em busca de felicidade ou apenas perdidas? Estão como crianças, querendo algo, mas não sabendo exatamente o que?

Uma pesquisa da Lenovo, divulgada nessa semana, revela que metade dos funcionários toparia trabalhar no metaverso.

Em contrapartida, 43% dos executivos de RH ouvidos na mesma pesquisa acreditam que os funcionários não têm conhecimento ou experiência para trabalhar nesse ambiente.

Aí não tem jeito, o modelo tradicional entra em cena.

Não há milagre. Qualificação continua sendo a chave para abrir novos mundos, novas possibilidades.

As áreas operacionais têm criado escolas para desenvolvimento de mão-de-obra. O "Sistema S" tem apoiado bastante esse tipo de iniciativa, porém existe um prazo de maturação que gera um descompasso entre demanda e disponibilidade de profissionais qualificados.

Acredito que essa ação de desenvolvimento de capital humano tende a ser estratégica no médio prazo.

Educação é estratégica. Por mais que se desvalorize o processo de aprendizado, de teoria e prática, ainda não inventaram um modelo melhor para lidar com os desafios da vida.

A realidade paralela pode estar gerando cada vez mais fãs, mas seguimos humanos e reais, no fim do dia, é gente atrás da tela.

Como nos mantermos humanos em nossos avatares?

Teremos que aprender!

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