Open Mind Brazil

Problema para se administrar ou nova boa forma de se viver?

Home office e pandemia

Por Lúcio Júnior
Publicado em 18 de agosto de 2021 | 03:00
 
 
 
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“No início pensei que fosse pirar. Sem empregada, tivemos que dividir as tarefas. Do quarto para a cozinha para preparar o café das crianças que já estavam em aula online. Sem sequer me arrumar direito, partia para uma reunião de resultados e, como num dia sem fim, seguia na sala – onde tem o melhor sinal da internet. Muitas vezes me vi amontoado entre cinco computadores, fechando mais um relatório, tomando mais uma decisão, sob o som de risada e briga das crianças, do cachorro latindo, da música alta na vizinhança. Entre vida privada e profissional, contas da casa e da empresa, conversas com colegas e administração de conflitos familiares, eu e minha família aprendemos um novo modo de vida que já não sei se quero deixar de ter. Conheci mais sobre mim, sobre minha esposa, meus filhos. Para mim o trabalho remoto virou uma realidade bem sucedida. Já falamos várias vezes em deixar a loucura dessa cidade.”

Assim se desenvolve um bate papo bem interessante com um executivo, membro do Open Mind Brazil, sobre o fim do home office.

Pelo visto, essa será outra sequela da pandemia muito delicada de se lidar.

As empresas já começam a se preparar para receber seus funcionários de volta. O Facebook, por exemplo, agitou o mercado imobiliário de São Paulo ao anunciar a locação de um espaço de 20.000 m2 na Avenida Faria Lima.

Há empresas que definiram o retorno pela taxa de vacinação da população e de seus funcionários. Esse, aliás, será um tema complexo. Há advogados que defendem que a recusa de vacinação pode resultar em demissão por justa causa. Pano pra manga!

O Google anunciou que pode reduzir os salários dos colaboradores que adotarem o sistema remoto de vez. A empresa alega que o salário é calculado, também, de acordo com o custo de vida da região em que o funcionário mora, e se ele se mudou para um lugar mais em conta nessa pandemia, o salário dele vai cair.

As empresas querem os funcionários de volta. Mas os funcionários querem voltar?

Uma pesquisa feita pela consultoria organizacional Korn Ferry revela que sete em cada dez profissionais dizem que trabalhar remotamente é o novo normal e que voltar à uma rotina presencial será difícil e estranho.

E 74% dos funcionários dizem ainda ter mais energia e foco quando trabalham de casa e quase metade recusaria uma oferta de emprego que exigisse presença integral na empresa.

Algumas empresas já desenham um esquema híbrido, com alguns dias remotos e outros presenciais. Ninguém quer perder um talento, alguém quem traz resultado, independentemente do local em que a pessoa está produzindo esse resultado.

Vimos que essa pandemia trouxe muitas lições, entre elas o senso de autorresponsabilidade. Quem é comprometido, é em qualquer ambiente, porque a demanda é mais interna do que externa.

Claro que o contato faz falta, que as interações presenciais enriquecem, mas todo dia tem gente pensando em uma forma de deixar as pessoas próximas, mesmo distantes.

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