PAULA PIMENTA

Ah, se eu estivesse no “Big Brother”...

Redação O Tempo


Publicado em 17 de janeiro de 2015 | 04:00
 
 
 
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Não sou fã de novelas. Acho todas muito parecidas. Costumo assistir ao primeiro capítulo, dar uma conferida lá pelo meio da trama e depois só volto para ver o fim, já deduzido. Mas novela da vida real é diferente. Não tem roteiro, não tem ensaio, não dá para saber se vai dar tudo certo no fim. É por isso que eu sou viciada em “Big Brother”.

A gente começa a assistir e, quando percebe, já está íntima daquelas pessoas e se imaginando lá dentro. Outro dia, eu estava na academia e fiquei pensando como seria se em vez de estar lá eu estivesse malhando ao lado dos brothers. Por um lado, ia ser bom: usufruir de uma academia tão equipada sem ter que pagar mensalidade... Mas, com certeza, eu não iria gostar muito de malhar com tantos espectadores... todo mundo iria descobrir que eu faço uns três exercícios só para aliviar minha consciência e depois passo 40 minutos lendo um livro enquanto a esteira se desloca embaixo dos meus pés. Além disso, gosto de fazer ginástica sem palpites alheios. No “Big Brother” isso não seria possível. Se aqui fora as pessoas já nos criticam, imagina só quando estão confinadas em um lugar sem muitas opções. A falta do que fazer com a própria vida faz com que comecemos a nos preocupar com a vida dos outros. Acho que é por isso que todo mundo lá dentro se mete tanto onde não é chamado...

Imagino também que eu iria ter um problema sério com a alimentação. Começando pelo café da manhã. Eu costumo tomar apenas um iogurte diet, já os brothers sempre comem pão com manteiga e... nuggets! Eu não gosto muito de pão. Nem de manteiga. Nuggets eu acho muito bom, mas desde que seja depois do meio-dia! Só que na hora do almoço não é isso que eles comem... sinceramente, eu ficaria até com um certo nojinho daquele “mexidão” que eles fazem! Pegam tudo o que sobra, misturam, todo mundo mete a mão... dá até medo.

Um grande problema seria o meu sono. Eu só consigo dormir com silêncio e na mais completa escuridão. Será que eu poderia levar a minha máscara de dormir? Se não fosse permitido, acho que iria ficar insone durante todo o tempo em que eu durasse lá dentro. Se bem que, se isso acontecesse (se eu ficasse sem dormir), eu seria eliminada na primeira semana... Eu viro uma chata quando não durmo direito!

Uma dificuldade que eu teria, com certeza, seria a de ter que lavar as roupas, o banheiro, os pratos... dos outros! Porque limpar a sua própria casa é uma coisa... lavar o banheiro que mais umas 12 pessoas usaram é completamente diferente...

Se eu fosse líder, imagina se dividiria todos aqueles chocolatinhos com o resto da galera... Antes de convidá-los para visitar o meu quarto, eu certamente esconderia um monte dentro do armário e falaria que dessa vez veio menos. E na hora de escolher o filme da semana, eu só chamaria as meninas, porque o filme teria que ser de amorzinho. Egoísta, eu? Claro que não... É que na guerra tudo é válido. E aquilo ali nada mais é do que um campo de batalha disfarçado.

Caso alguém me indicasse para o paredão, eu não iria nem tentar manter a pose, não sei atuar nessas horas. Quando o Bial falasse a primeira letra do meu nome eu já estaria chorando. Tentaria, então, descobrir os responsáveis pelos meus votos e afogaria um a um na piscina! Acho que, depois disso, com certeza eu sairia da prisão voluntária direto para uma prisão real...

Pensando bem, é preferível não participar do “Big Brother”. Eu não seria uma boa “big sister”, e aquele confinamento deve causar até claustrofobia. O melhor que eu faço é ficar na minha casa. Não tem R$ 1 milhão de prêmio, mas tem outras compensações: a comidinha da mamãe, as brigas a que eu já estou acostumada com o meu “brother” real, o telefonema do meu namorado sem que eu precise vencer nenhuma prova para merecê-lo, os meus gatos e cachorros que já são um prêmio por si só. Acima de tudo, dinheiro nenhum paga a minha liberdade de ficar sozinha quando eu desejar.

Da novela da minha vida confesso que sou fã e faço questão de ver todos os dias. Pode ser previsível algumas vezes, mas nela sou eu que faço as regras e que escolho quem eu mando para o paredão. E também quem eu quero que fique comigo até o último capítulo. 

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