A campanha eleitoral está a todo vapor e é de longe a mais acirrada que já presenciei. Não se fala em outra coisa. Seja nas redes sociais, nas ruas ou até em casa, o assunto é apenas “Dilmécio”. Sim, já até emendaram o nome dos dois candidatos à Presidência da República.
Confesso que já estou meio cansada. Se fossem apenas as agressões dos próprios adversários nos debates, ainda ia. Afinal, bastaria desligar a televisão para não ter que acompanhar. Mas os “torcedores” de cada um deles também estão digladiando, 24 horas por dia! Tudo que vejo no Facebook, WhatsApp e Twitter são tentativas de difamar um candidato e promover o outro.
Tanta discussão fez, inevitavelmente, com que eu me lembrasse de um programa que também divide opiniões: o “Big Brother”.
No período em que o reality show é exibido, as emoções dos telespectadores que acompanham os participantes também ficam exaltadas. Fã-clubes são formados em todas as partes do país e as redes sociais também são dominadas por opiniões e torcidas apoiando cada um dos concorrentes.
Mas a semelhança não para por aí. A cada noite durante o programa é exibido o dia a dia da “casa mais vigiada do Brasil”, e podemos ver o que cada pessoa fez, o que comeu, com quem conversou, quando dormiu... Não é o mesmo que acontece com os candidatos à presidência? Os repórteres os seguem o dia inteiro e, à noite, podemos ver a edição dessas imagens nos telejornais. Ficamos sabendo para onde a Dilma viajou, com quem o Aécio se encontrou, o que cada um deles vestiu...
As alianças também são parecidas. No reality show, os “brothers” se enturmam, se aliam àqueles com quem têm mais afinidade e que podem ajudá-los a chegar até a final. Na campanha eleitoral acontece o mesmo. Os candidatos se aliam não só aos membros dos seus partidos, mas também recebem apoio de outros políticos e celebridades que os auxiliam, angariando votos de seus eleitores e fãs.
Os debates, então, têm muitas similaridades com o “Big Brother”. Quem acompanha o programa de TV sabe que em vários momentos as agressões verbais pegam fogo, e alguns participantes só não partem para a violência física para não serem expulsos. Pois é exatamente o que eu penso em alguns momentos dos debates, quando as acusações se tornam mais calorosas... Tenho certeza de que os candidatos morrem de vontade de estar em um ringue de luta livre. Outra semelhança: ao fim do debate, os candidatos sempre têm uns minutinhos para expor a razão por que querem ser eleitos. Toda vez que vejo isso, me lembro do Pedro Bial dizendo no confessionário para aqueles que estão na iminência de deixar o programa: “Você tem 30 segundos para dizer para o público por que deve permanecer na casa! Valendo!”.
Aécio e Dilma estão no paredão. E quem escolhe é você. Para eliminar Dilma, disque 0800 XXX. Para eliminar Aécio, ligue 0800 YYY. Mas, ao contrário do “Big Brother”, é melhor você pensar muito bem, pois nesse programa da vida real não dá para votar várias vezes. Você só tem uma chance. Quem vai ganhar o prêmio é um dos dois, mas quem sofrerá as consequências somos todos nós... E pelos quatro anos seguintes. Até que o próximo reality show eleitoral vá ao ar.