PAULA PIMENTA

Diálogo sobre a paixão

Redação O Tempo


Publicado em 15 de fevereiro de 2014 | 03:00
 
 
 
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Ela: Estou saindo com esse cara e preciso de umas dicas...
Eu: Que tipo de dicas? Você quer só curtir ou namorar?
Ela: Estou querendo só curtir, acho que não devo me apaixonar por ele. Mas, na verdade, era isso que eu queria.
Eu: Se você já não está apaixonada, não vai ficar. A paixão chega primeiro. E ela não te pergunta se você deve se apaixonar ou não.
Ela: Hein?!
Eu: Ela chega antes. E não pede licença.
Ela: Antes de quê?
Eu: Antes do primeiro beijo.
Ela: Como assim?????? Ah, não.
Eu: Você não sabia? Achei que isso fosse de conhecimento universal.
Ela: Faltei essa aula. Explique, por favor.
Eu: A paixão chega primeiro. Ela pega a gente na primeira conversa com a outra pessoa. Às vezes até antes disso, no primeiro olhar. O que vem depois é o gostar, o amar, o achar a companhia boa, o tesão, essas coisas. Paixão de verdade acontece antes disso tudo.
Ela: Será que eu nunca me apaixonei então? E será que eu nunca vou me apaixonar?
Eu: Eu não estou querendo dizer que um relacionamento não seja bom sem paixão, porque de todo modo ela passa depois de um tempo. Mas aquela paixão desvairada, que deixa a gente sem fome, sem conseguir dormir à noite, sem pensar em mais nada... Essa vem antes.
Ela: Estou precisando é de uma dessas. Onde eu acho? Vende no Carrefour?
Eu: Ela costuma aparecer de surpresa. Pode surgir quando alguém disser alguma coisa que encaixe exatamente naquilo que você deseja escutar, ou quando você conhece uma pessoa que tem algum detalhe diferente que te chama a atenção, ou até já pode estar aí, camuflada por um outro sentimento, como ódio, raiva, indiferença... Mas que no fundo nada mais é do que uma tentativa de ocultá-la... Mas o que importa é que ela vem de repente. E aí te pega, te amarra e te deixa sem ação. Depois é depois. A paixão pode evoluir e se juntar ao amor, e com isso durar; ou pode não dar em nada, e evaporar. Ainda tem aqueles casos que não dão certo e duram muito, mas isso já é um sentimento derivado, é a paixão-platônica. Mas o mais importante é que a paixão só acontece quando a gente não está esperando.
Ela: Então eu não vou me apaixonar nunca. Estou sempre esperando!
Eu: Às vezes ela pode vir do lado oposto ao que você está prestando atenção... Não se preocupe, quando menos notar, você vai estar apaixonada. É só não ocupar o espaço tentando se apaixonar pelas pessoas erradas. Paixão não se fabrica. Ela acontece.
Ela: Você é especialista no assunto?
Eu: De jeito nenhum, na verdade só estou só falando como funciona comigo... Acho que ninguém é perito nessa área. Mas, com certeza, sou expert em “estar apaixonada”. Acho que não tem nada melhor do que ficar inspirada, suspirando e vendo o mundo cor-de-rosa. E eu vivo assim…
Ela: Por falar em inspiração, bem que você podia escrever sobre o assunto.
Eu: Boa ideia. Vou fazer uma crônica em sua homenagem.
Ela: Quando?
Eu: Na verdade já está pronta. Você escreveu junto comigo...

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