Paula Pimenta

Impontualidade

Redação O Tempo

Por Paula Pimenta
Publicado em 22 de novembro de 2013 | 18:47
 
 
 
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Sempre tento ser pontual. Toda vez que tenho algum compromisso, faço o possível pra chegar no horário. Calculo o tempo, tomo banho com horas de antecedência, saio de casa com folga... Mas volta e meia acontece alguma coisa que me faz atrasar, parece que todos os imprevistos do mundo vêm em minha direção! Às vezes é o trânsito que congestiona, ou a luz que acaba impedindo o portão eletrônico de funcionar, ou o pneu do carro que aparece furado, ou o meu gato que some e me faz o procurar pela casa inteira, com medo de tê-lo fechado dentro do armário... Pode até parecer desculpa esfarrapada, mas isso tudo já me aconteceu.

Os pontuais de plantão, com certeza dirão: “Devia ter saído mais cedo prevendo que alguma coisa desses poderia acontecer”. Mas por mais que eu me programe, sempre algo vai atrapalhar.
Em 2011, eu e minha mãe passamos uns dias em Las Vegas. De lá, íamos para San Francisco, visitar a minha tia que mora por perto. Eu estava muito animada, em San Francisco teria um show com os integrantes do seriado Glee, que eu amo. Por isso, começamos a arrumação das malas bem cedo, apesar do voo ser só à tarde. Nós só não contávamos com uma coisa... No dia anterior havíamos ido a um outlet. Com as compras, as malas – que já estavam cheias, pois estávamos vindo de Los Angeles – simplesmente se recusaram a fechar. Então começamos a maior logística, tirando de um lado, colocando do outro, passando coisas pra bolsa de mão... Depois de horas de muito esforço, as malas fecharam, porém já não estávamos mais com tanto tempo. Ainda dava para fazer o check-out no hotel e chegar ao aeroporto com mais de uma hora antes do voo, mas teríamos que ser ágeis.

E foi aí que os tais imprevistos que relatei no início começaram a aparecer.
Estávamos com quatro malas e apenas uma delas tinha rodinhas. Não dava pra levar tudo de uma vez só. Eu então liguei pra recepção e pedi para um carregador nos ajudar. Esperamos cinco, dez, quinze minutos e nada! Liguei de novo, mas dessa vez nem atenderam. A solução foi descer correndo e pedir para alguém nos salvar! Mas ao chegar lá, não havia nenhum carregador disponível, o horário era de troca de hóspedes, muita gente saindo e muita gente entrando. E foi aí que eu percebi que a fila do check-out estava imensa!

O desespero começou a bater. Subi depressa e avisei a minha mãe que nós mesmas teríamos que dar um jeito nas malas. O nosso quarto era no final do corredor, arrastei duas com todas as minhas forças, deixei minha mãe tomando conta delas e da que ela tinha puxado e fui correndo pegar a última no quarto. O elevador, obviamente, demorou uma eternidade. Quando finalmente chegamos lá embaixo, quase chorei ao ver a distância que teríamos que percorrer. Quem já foi a Las Vegas sabe que os hotéis de lá são imensos e que existem cassinos nos saguões. Imagina atravessar aquilo tudo, com quatro malas e muita pressa? Como não tínhamos tempo pra lamentações, arrastamos tudo de novo, enfrentamos a fila do check-out, conseguimos um táxi. Muito trânsito. Aeroporto lotado. Lugar nenhum pra estacionar. Tiramos as malas no meio da rua. Tentei pegar um daqueles carrinhos de bagagem, mas nos Estados Unidos eles são pagos e não tínhamos dinheiro trocado!

Depois de muito stress, conseguimos trocar o dinheiro, pegar o carrinho, chegar ao guichê da companhia aérea, e então falaram que o check-in só era feito no terminal eletrônico. Não adiantou nada dizer que estávamos atrasadas. Corremos pra fazer o check-in eletrônico, que obviamente não deu certo. Depois de quase chorar, uma funcionária concordou em nos ajudar, mas então... “Vocês estão atrasadas, não dá pra ir nesse voo. Precisavam estar aqui com uma hora de antecedência, faltam só 45 minutos para o avião decolar.”

Dessa vez eu realmente chorei. E gritei, ameacei morrer, expliquei que se não tivessem nos mandado fazer o check-in eletrônico tínhamos poupado uns 10 minutos... Nem ligaram. Disseram que teríamos que ir no próximo voo. Não teria o menor problema, caso o show que eu estava louca pra ir (e que os ingressos tinham custado uma fortuna) não fosse começar uma hora antes da partida do “próximo voo”.
Foi quando eu tive uma ideia: Abandonar as passagens e comprar outras para o primeiro avião com destino a San Francisco. Nos Estados Unidos as passagens são baratas, era melhor do que perder o show. E assim fizemos. Na verdade, quase perdemos o novo voo também, pois tivemos que ir à primeira companhia, implorar pra devolverem as malas que já estavam despachadas, e então levar para a outra...
Depois de mais uns 500 apertos, deu certo. Chegamos a San Francisco, minha tia estava esperando, o show foi perfeito!

Como viram, o atraso não foi minha culpa, mas sim dos imprevistos que me perseguem...
Muitos vão achar que depois disso eu aprendi a lição e eu gostaria de dizer que sim. Mas, exatamente um ano depois, perdi outro voo. Mas essa já é outra história... Um dia eu conto pra vocês.

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