PAULA PIMENTA

Páscoa sem culpa

Redação O Tempo


Publicado em 19 de abril de 2014 | 03:00
 
 
 
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Parece um complô. Em todos os lugares por onde ando, para qualquer direção que eu olhe, lá estão eles: os ovos de Páscoa.

Na minha infância a Semana Santa era muito aguardada... Tudo começava na escola: a professora decorava a sala inteira com coelhinhos, mandava a gente colorir ovos e mais ovos, as aulas só iam até a quarta-feira e ainda recebíamos uma sacolinha cheia de guloseimas, que não durava nem um dia. No domingo de Páscoa, eu mal esperava o dia clarear e já me punha a procurar os chocolates que minha mãe escondia pela casa. O cardápio do almoço na casa da minha avó não importava, eu só queria que chegasse logo a hora da sobremesa, quando minhas tias me presenteavam com ovos de todas as marcas, cores e tamanhos. É... Agora entendo o motivo de eu ter sido uma criança gordinha. E acho também que foi nessa época que eu adquiri o meu vício por chocolate.

Já tem um tempo que eu tomei a “sábia” decisão de não gastar dinheiro para engordar. Mas chocólatra assumida que sou, não resisto ao apelo da Páscoa. Mesmo que eu vede meus olhos, que esconda o dinheiro, que fique trancada dentro de casa, o chocolate praticamente se materializa, do nada.

Meu pai, que ainda acha que eu tenho 7 anos, compra todos os anos um ovo tamanho 23 e uma semana antes da Páscoa já abre no meio da mesa, como se estivesse me fazendo a “criança” mais feliz do mundo! E ele acaba fazendo mesmo porque é realmente uma volta à infância, aquele barulho gostoso da embalagem metálica sendo aberta, o cheiro delicioso de chocolate invadindo o ambiente, os bombons saltando de dentro do ovo... É totalmente irresistível. Só que, como todo ano ele cumpre esse ritual pré-pascoal, todo ano também eu começo a engordar uma semana antes.

Minha mãe também, por mais que eu peça, que explique, que diga que não quero ganhar ovos, não resiste. Deixa uma barra daquelas gigantes, ao leite – o meu sabor preferido –, junto com um bilhete: “Paulinha, não fique com raiva, na Páscoa pode”. Depois disso, não comer é até pecado...

Tenho uma amiga que é magérrima de nascença. Do tipo que se obriga a comer para não sair voando por aí. É uma ameaça constante. Ela não pode parar em um bar, café ou restaurante que já pede logo um sundae de chocolate, com todas as coberturas que tem direito, despertando a ira das amigas menos favorecidas geneticamente. Nessa época então ela faz a festa. Sempre tem na bolsa um ovinho, bombons, barrinhas de chocolate, que sai oferecendo, achando que está fazendo a maior boa ação do mundo.

O amor por chocolate é de família, meu irmão também adora. Só que ele herdou a magreza do meu pai, pode comer quanto doce aguentar... Mas ele resolve comer na minha frente e deixa bem à vista quando sai de casa. Quando ele volta, não tem mais nem um tabletinho pra contar a história...
Sei que meu pai, minha mãe, minha amiga e meu irmão não têm culpa nenhuma. Como eles sempre dizem, eu é que deveria abstrair minha vontade, olhar para o outro lado e resistir à tentação. Mas, como eu disse, é um vício. Aliás, parece que já foi até comprovado cientificamente que chocolate possui uma substância viciante, pois gera uma sensação de bem-estar quando ingerido.

Se você aí tem o mesmo problema que eu, me desculpe. Sei que, de tanto falar em ovos de Páscoa, despertei sua vontade... Mas, sinceramente? O melhor é entregar os pontos, nessa época o ataque é imbatível. A solução é ou se mudar pra Lua ou fazer uma superdieta na quaresma pra poder compensar sem culpa no domingo.

Agora, deixe-me terminar logo essa crônica, que eu tenho uma caixa de bombons me esperando! Tenha uma Páscoa feliz e, se quiser, venha me fazer companhia na corrida, para suar os excessos. Mas só na segunda-feira...

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