O jornal O TEMPO, sempre plural em suas colunas de opinião, tem agora Márcio Coimbra como seu mais novo articulista. Mestre em ciência política pela Universidad Rey Juan Carlos, em Madri, Coimbra também foi consultor político da Unesco e do Instituto Friedrich Hayek, na Áustria. Mas vamos ao que interessa: em sua coluna de 27/2, “Conservadores”, ele diz que há muita confusão sobre quem são os conservadores e o que defendem. E que, frente às muitas décadas da predominância da esquerda no Brasil, o surgimento de um movimento de direita é enxergado com ceticismo. Acertadamente, Coimbra diz que há um erro em confundir o regime militar com as ideias conservadoras, em que a grande maioria está dissociada do intervencionismo e próxima do liberalismo econômico.
Já no dia seguinte, li na coluna da médica Fátima Oliveira “As causas do esgarçamento do tecido político no Brasil”, frases do tipo: “O esgarçamento do tecido político que vivenciamos é uma das muitas facetas da luta de classes, mais acirrado pelo ideário fascista (...) Podemos falar que no Brasil a direita agora não esconde mais que se pauta por ele”. Fátima diz ainda que o PT e a esquerda nada fizeram para elevar a consciência política do povo, e que a burguesia brasileira não tem interesse no progresso social nem em defender as riquezas nacionais. O texto não foge do jargão esquerdista, mesmo frente a todas as evidencias dos desastres que vivenciamos. Felizmente, como disse Márcio Coimbra na coluna citada, “a naturalidade com que os conservadores vêm ocupando espaço está diretamente ligada à fadiga material da esquerda”.
Coimbra diz ainda que “O indivíduo é elemento essencial desta visão política que acredita na meritocracia, no empreendedorismo e na responsabilização deste como motor da sociedade”. Ponto pra ele. Fico intrigado com a falta de percepção da “ala pensante” dos esquerdistas. Então eles não sabem que o Brasil já é um país socialista, e que por isso mesmo não consegue melhorar seu “tecido social”? Então eles não sabem que o liberalismo jamais encontrou espaço para proliferar suas benesses em meio ao nosso poder público centralizador, gastador, corrupto e convenientemente paternalista? Será que não conseguem avaliar os efeitos devastadores dos governos petistas em nossa desprezível liberdade econômica, cujo aumento da interferência do estado nos transformou em um país ainda mais socialista que a China liderada por comunistas?
Qual é o problema mental da esquerda? Porque não dirigem seu olhar para o exemplo dos países com maior igualdade social e liberdade econômica com uma menor intervenção do estado na economia, como Nova Zelândia, Austrália, Canadá ou Chile, por exemplo. Fátima Oliveira, Leonardo Boff, entre outros socialistas em O TEMPO e demais mídias nacionais, deveriam tentar entender que estamos em crise devido ao excesso de intervenções do estado e o absurdo descontrole dos gastos públicos.
E que o povo brasileiro precisa lutar sim, mas por seu direito de trabalhar com liberdade, em vez de ficar pleiteando benesses concedidas por um estado que só age em interesse próprio.