Sou do tempo em que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) eram figuras inatingíveis e acima de qualquer suspeita. Cito dois casos: o saudoso Oscar Dias Corrêa – com quem cheguei a ter alguma convivência em virtude de laços familiares: sua filha Ângela casou-se com meu primo Ricardo Fernandez Silva e fui padrinho de casamento há mais de 50 anos. Até hoje não ouvi ninguém falar um “A” de Oscar Corrêa. E mantenho velha amizade com o ex-ministro Carlos Mário Veloso, também uma figura inatacável.  

Nos dias atuais, infelizmente, os ministros do STF tornaram-se figurinhas carimbadas, que vivem na boca do povo, como é o caso do ministro Dias Toffoli que, com sua decisão monocromática extinguindo a Lava Jato, uma operação que teve muitos excessos, mas corrigiu muita coisa, vive achincalhado.  

Lava Jato

A Lava Jato, é preciso reconhecer, escancarou a corrupção no país, e colocou as caras dos corruptos a tapa. Talvez se o então juiz Sergio Moro não tivesse ficado deslumbrado com a fama e o convite de Bolsonaro para ser ministro da Justiça, e se mantivesse firme em seu propósito de pegar os corruptos da política brasileira, a Lava Jato teria salvado o país. E ele poderia até chegar à Presidência da República. Infelizmente deixou-se levar pelo deslumbramento e cometeu erros. 

Hoje os que deveriam estar sendo execrados pelo que foi descoberto na operação estão livres e tentando tirar a lama do nome. Os erros lá de trás ajudam os corruptos e expõem os que, hoje, são obrigados a anular atos errados da operação. 
Como beneficiam corruptos, as decisões do Supremo, em especial, acabam provocando a ira do povo. Uma ira que se agrava pelo comportamento midiático de alguns ministros dos tribunais superiores – STF em especial. E isto só prejudica o país.

Juízes falam nos autos 

É hora de voltarmos à velha e sábia prática dos juízes só falarem nos autos, não nos microfones. A credibilidade da Justiça é essencial ao país. Nada melhor para os corruptos e bandidos em geral, do que a desmoralização do Judiciário. Fica fácil defender a “inocência” deles. 

Este movimento para desacreditar o Judiciário, incentivado até mesmo por parte da mídia e que ganhou força com as redes sociais, precisa ser contido. O Judiciário precisa reagir, não via estardalhaço, ao contrário, impondo discrição aos seus membros. Precisa ser mais ágil em suas decisões pois a morosidade nos julgamentos é uma das causas das críticas que são feitas aos seus membros.  

Para a democracia, o respeito ao Judiciário é fundamental. Mais até do que aos outros Poderes. Simplesmente porque é ao Judiciário que caberá a tarefa de punir quem desrespeita a democracia.