As eleições de outubro estão se aproximando e o país está vivendo uma polarização política falsa entre Lula e Bolsonaro, que em nada interessa aos brasileiros. Tanto um quanto o outro vão jogar pra valer, nas eleições municipais, sem preocupações éticas, já de olho em 2026.
Lula quer disputar o quarto mandato, em que pese o desgaste que vem sofrendo, resultado de um comportamento político destrambelhado e de declarações desconexas. Esse comportamento, que lembra os tempos dos palanques sindicais, tem preocupado os ministros da casa, que têm alertado o presidente para que volte a ser o que foi no segundo mandato, depois de um primeiro mandato com algumas dificuldades políticas.
Já Bolsonaro, que hoje está inelegível, atua nos bastidores para que possa disputar novamente em 2026. Aproveita-se do desequilíbrio verbal do petista para estimular a polarização entre eles, impedindo assim o surgimento da chamada “terceira via”, alguém mais equilibrado politicamente e com mais compromissos com a democracia.
Um possível impedimento jurídico de Bolsonaro, que não está longe de acontecer, já movimenta a direita, que, faltando dois anos para as eleições presidenciais, já tem um nome alternativo. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é o escolhido pelos bolsonaristas. Tarcísio nega isso, fala em disputar a reeleição, seguindo a estratégia de deixar com Bolsonaro a tarefa de polarizar com Lula.
Já Lula procura “cutucar” Tarcísio, enquanto mantém o teatral confronto com Bolsonaro. É a forma que tem de impedir o surgimento de um nome alternativo no grupo que convencionamos chamar de “esquerda” – que de esquerda tem menos a cada dia. E o eleitor? Até aqui os únicos a se movimentarem são os ligados a grupos religiosos, reconheçamos, cada vez mais organizados.
Nos palanques de 2024, até aqui, só se fala em 2026. Em Belo Horizonte, por exemplo, os candidatos – por enquanto pré-candidatos – ainda não se propuseram a discutir os problemas da cidade e as propostas que têm para solucioná-los. “É cedo ainda”, dizem alguns, lembrando que a campanha, oficialmente, não começou.
Ainda é cedo para debater, ou apresentar propostas, mas não é cedo para apresentar os padrinhos políticos, num recado indireto ao eleitor: “Me elejam agora, que em 2026 vou apoiar a candidatura do fulano”. É a tal polarização federal, de Lula e Bolsonaro, sendo trazida para as disputas municipais.
Paulo César de Oliveira é jornalista e empresário