As pesquisas mostram que, apesar de todos os seus erros, Lula ainda é um nome viável politicamente. O Lula 3, convenhamos, é outro Lula, incapaz mesmo de atingir as massas com seu discurso – que sempre foi populista, é verdade. Mas agora está sem sentido, incapaz de empolgar as massas, o que, vamos reconhecer, sempre foi o seu forte. E, sem as massas, Lula virou refém fácil de um Congresso de baixa qualidade que não compreende a importância do Legislativo e vive de arranjos. 

O esvaziamento político de Lula, se analisarmos friamente, coincide com o que podemos chamar, sem exagerar, de “o fim do PT”. O partido sustentava o discurso de Lula, brigava por seus projetos e dava peso político ao presidente, embora muitos discordassem dos posicionamentos do petista. Hoje falta ao presidente esta sustentação política. O Congresso, tanto Câmara quanto Senado, não tem escopo. Fragmentado e sem consistência ideológica, joga o jogo da hora, sem preocupações com o futuro do país. Comportamento agravado pelo radicalismo em defesa não de ideias, mas de projetos pessoais.

O recente episódio do IOF é um bom exemplo de como se faz política hoje no Brasil. De um lado, o governo busca solucionar suas finanças pelo velho caminho do aumento de impostos. De outro, o Congresso faz o jogo das elites dominantes e simplesmente se recusa a discutir a medida, tratando de vetá-la.

Com isso, atendeu aos interesses dominantes e fez campanha visando a 2026. E fica à espera de o governo judicializar a questão para fazer política com a medida. Judicializar o veto, queiram ou não, é um direito do governo que se baseia na Constituição – Constituição escrita pelo Legislativo. O recurso, se acontecer, não será uma agressão ao Congresso, como querem apregoar alguns de seus membros, mas a busca de um debate sobre o tema, o que os parlamentares foram incapazes de fazer.

E essa briga ente Executivo e Legislativo, envolvendo também Judiciário, só tende a se radicalizar na medida em que nos aproximamos das eleições. Lula, ao que parece, será mesmo candidato, até por falta de opção na esquerda. Já a chamada “direita” ainda não convergiu para um nome. Os governadores Zema, de Minas; Caiado, de Goiás; Ratinho Júnior, do Paraná; e Tarcísio de Freitas, de São Paulo, são os nomes falados pelo grupo que, com mais ou menos desenvoltura, começam a se articular, considerando que o principal nome do grupo, Jair Bolsonaro, está inelegível e corre o risco de estar na cadeia nas eleições. Se somos incapazes de debater e solucionar nossos problemas agora, imaginem com a radicalização da disputa eleitoral.