Estamos vivendo num mundo em guerra, o que, para todos nós, não chega a ser uma novidade. Bem ao contrário, todos nós, mundo afora, vivemos sempre a tensão das guerras, sejam elas externas ou internas, por diferentes razões aparentes; mas todas elas têm como pano de fundo a ganância pelo poder e pelo dinheiro.
A guerra, seja ela ideológica, seja por motivos menos nobres, é sempre lucrativa para grandes grupos. Os maiores grupos da indústria bélica movimentaram, em 2021, mais de R$ 3 trilhões, sustentando conflitos e tensões pelo mundo. Quanto o setor que promove morte e dor está faturando, agora que o mundo vive dois conflitos de grandes proporções?
Israel se mostra implacável na guerra contra o Hamas e promete agir até destruir Gaza. Putin, reeleito agora para mais um mandato, mostra ao mundo sua ganância pelo poder e faz ameaças de destruição do planeta, para a alegria dos que vivem da guerra, sem pensar que também podem ser vítimas delas.
Mas não são apenas os conflitos externos, que tanto assustam o mundo, que causam mortes, pobreza e dor. São centenas deles pelo mundo. Brigas históricas, que impediram o desenvolvimento de muitos países de várias regiões, simplesmente ignoradas por nós. O mundo vive ainda as guerras de gângsteres – como as do Haiti, do Sudão e, reconheçamos, as nossas, do Rio de Janeiro e de São Paulo, que ceifam milhares de vidas anualmente –, provocadas por omissão de governos no combate ao tráfico e ao poder paralelo que explora e ao qual está submetida a população mais pobre.
Esse domínio de grande parte da população pelo medo leva esses grupos marginais a exercer uma forte influência política. Comandam os votos em algumas áreas e, com isso, se tornam inalcançáveis pela Justiça. São a lei em várias partes do país. Como mudar esse quadro? Essa é uma questão complexa, que não tem solução à vista e que, bem ao contrário, só tende a agravar-se.
Um dia teremos – a população do mundo – coragem para enfrentar as nossas guerras? Teremos coragem para enxergar os nossos defeitos, que vão da ganância à omissão? Só mudaremos o mundo se reagirmos, muitas vezes contra nós mesmos. A razão precisa prevalecer sobre a insensatez.
Paulo César de Oliveira é jornalista e empresário | pco@vbcomunicacao.com.br