Paulo César de Oliveira

Candidatos misturam 'lé com cré'

Cenário indefinido há dois meses das eleições

Por Paulo César de Oliveira
Publicado em 09 de agosto de 2022 | 03:00
 
 
 
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Novamente invoco o saudoso cronista Stanislaw Ponte Preta para classificar a já cansativa política dos nossos dias, com a decantada polarização entre Bolsonaro e Lula. Faltando menos de dois meses para o eleitor ir às urnas, o que se vê são os candidatos sem propostas, sem ter o que falar com o eleitor. Quando se arriscam a falar em projetos, misturam “lé com cré” e não dizem nada, num verdadeiro “samba do crioulo doido” – sem racismo – como dizia Stanislaw. 

Os aguerridos e fanáticos bolsonaristas estão jogando todas as fichas para tentar levar a eleição para o segundo turno, com o governo jogando todas as suas fichas nas “bondades” que a Câmara dos Deputados aprovou. Segundo especialistas em administração pública, o saco de bondades de agora vai gerar um “saco de maldades” no ano que vem para que o governo tente consertar os estragos em suas contas. 

Por outro lado, Lula, que vem aparecendo à frente em todas as pesquisas – verdadeiras ou não –, se esmera em falar bobagens para encantar seus seguidores, a quem promete o paraíso. Quer evitar o segundo turno que o adversário tenta alcançar, por precaução contra as bruxas. O candidato a vice de sua chapa, Geraldo Alckmin, vem pavimentando frentes que provavelmente Lula não conseguiria alcançar com seus discursos demagógicos. O candidato Ciro Gomes, que melhor representa a terceira via, é considerado um bom candidato, só não consegue quebrar a polarização que Bolsonaro e Lula insistem em manter. 

Enquanto muito se fala e nada se faz, a economia do Brasil, como em todo mundo, vêm sofrendo com os estragos causados pela guerra entre Rússia – esse Putin é um louco desvairado – e Ucrânia, que pode levar à Terceira Guerra Mundial com armas nucleares que simplesmente podem acabar com o mundo. E ninguém consegue deter o presidente russo assim como ninguém consegue deter a ação nefasta de vários de nossos políticos e não políticos que tumultuam a vida presente e futura do país com a conivência e até cumplicidade do eleitor. 

Voltando às eleições no Brasil, os Estados estão caminhando bem. Em Minas, mesmo com o Bolsonaro falando timidamente que apoia Carlos Viana, pode não tirar votos de Romeu Zema, que pode ser reeleito no primeiro turno. 

Mas o que anda preocupando muito os mais sensatos são as eleições. Os eleitores, e não são apenas os menos letrados, dão pouca ou nenhuma atenção na escolha dos parlamentares que, para muitos, são apenas despachantes as vontades pessoais da população. Isto quando não votam em alguém apenas para prestar-lhe uma homenagem.

Esquecem da importância do Parlamento na definição de políticas públicas e, principalmente, como instrumento de fiscalização. Quando se escolhem mal os parlamentares, o que se vê é a ação desastrosa de deputados – estaduais e federais – e de senadores compactuando com ações que desrespeitam nosso ordenamento jurídico apenas para atender a interesses dos que consideram poderosos.

Paulo César de Oliveira é jornalista e empresário

 

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