Mais uma semana e junho se inicia, deixando-nos a quatro meses das eleições. Não dá mais para ficarmos discutindo “sexo dos anjos” no processo eleitoral brasileiro, criando supostas vulnerabilidade num processo que funciona há décadas, contra o qual nunca se descobriu nada, embora tenha sempre recebido crítica dos pessimistas e dos que ainda duvidam que o homem chegou à lua.
Colocar o processo eleitoral sob suspeita não ajuda em nada o país. Só coloca no ar um clima de desconfiança sobre o resultado da disputa, alimentando dúvidas sobre a liderança do vencedor. Serve apenas para manter vivo o perdedor. Não é bom para o país que já tem muitos problemas a resolver.
Só os céticos adestrados ainda mantêm vivo o discurso dos riscos de fraude nas eleições. Os que lideram este processo precisam vir a público para mostrar quais provas ou dúvidas têm sobre a vulnerabilidade das urnas.
Dizer que as urnas não são confiáveis é crime de lesa a pátria é ataque a democracia. As urnas, não as armas, são a força da democracia e precisam ser respeitadas. Precisamos todos nós, aí incluo também a imprensa, deixar de alimentar este discurso despropositado e cobrar dos que se apresentam como postulantes aos governos e ao Legislativo.
O que estamos vendo é um vazio de ideias. Ninguém tem um programa, um projeto que seja de governos. As alianças para a disputa vão sendo construídas não em torno de um projeto, mas de pontos nas pesquisas eleitorais e promessas de divisão de poder. Certamente não será desta forma que vamos enfrentar a fome, o desemprego, a miséria no país.
Para enfrentarmos todos os problemas atuais e mais os que se desenham para o futuro, para enfrentarmos a inflação, precisamos que saiam das urnas governantes – incluo aí os parlamentares – com legitimidade e liderança. Pessoas e grupos com projetos reais e que tenham capacidade de unir a sociedade em torno de um projeto de governo. O Brasil não tem o direito de perder tempo com crise de caráter. Já tem crises demais para resolver.
Neste processo, nós – você, eleitor – temos uma grande responsabilidade. O voto consciente é fundamental para que o país enfim supere suas crises. O voto por fanatismo, inclusive o religioso, também o voto em homenagem a falsos ídolos, só ajudam a política ser o que é hoje. De nada adianta você eleitor ficar criticando os políticos pelos seus problemas e os problemas do país.
Quem fabrica o político é o eleitor que lhe dá o mandato.