As pesquisas mostrando que Lula está perdendo prestígio serviram como um alerta ao presidente e ao seu grupo, que sonha com a reeleição em 2026.
A forte liderança do presidente da Câmara, Arthur Lira, entre os parlamentares, especialmente os de primeiro mandato, também preocupa o presidente Lula, que hoje tem uma dependência do depurado para fazer tramitar as emendas de interesse do governo, algumas delas, é bom que se ressalte, de alto interesse do país.
Lula, depois de inúmeras viagens internacionais – ele quer ser um líder mundial –, acorda para a necessidade de reconstruir uma liderança interna e inicia uma série de viagens pelos Estados, a começar por Minas, nesta quarta-feira.
A estratégia política é fortalecer sua presença junto aos municípios, buscando o apoio que não tem no Parlamento, onde o PT e os chamados “partidos de esquerda” minguaram nas últimas eleições.
Hoje o presidente, especialmente na Câmara dos Deputados, tem o apoio de uma minoria insuficiente para aprovar medidas simples. Com isso, o governo se vê obrigado a sujeitar-se ao velho jogo do “pagou, passou”, com preços cada dia mais elevados e exigências políticas ousadas.
Mudar o quadro político nos municípios, mostrando-se presente na solução de problemas que afetam a população, em vez de simplesmente liberar verbas que os parlamentares usam como conquistas pessoais, passa ser a estratégia do presidente.
Readquirindo força nas bases nos municípios, Lula readquire também cacife eleitoral e, com isso, impõe uma relação nova com o Legislativo, reduzindo o preço político – e financeiro – que tem sido obrigado a pagar para ver tramitando suas propostas. Até aqui, a relação do governo com os parlamentares, mesmo com alguma submissão, tem sido construída pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem se mostrado um político com vocação para o diálogo e muita paciência para jogar com as raposas do Legislativo.
Esta capacidade de buscar entendimentos mesmo com adversários tem custado a ele muitas críticas da presidência do PT. Mas Lula segue em frente com o apoio dos que pensam.
O roteiro das viagens do presidente pelos Estados ainda não está montado, mas a proposta é que ele viaje por todo o país, vistoriando e autorizando obras, em contato direto, sempre que possível, com as lideranças dos municípios beneficiados.
É Lula diretamente nas disputas eleitorais deste ano. É o que pedem as pesquisas de aprovação de seu governo.
Paulo César de Oliveira
Jornalista e empresário
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