Um 7 de Setembro diferente. O dia seria de comemorações, mas é de tensão. Mais um ano, e entraremos no terceiro século de independência em relação a Portugal.
Foi em 1822 que D. Pedro, num gesto intempestivo, decidiu que seríamos independentes. De lá para cá, formamos um país, uma nação talvez, mas estamos longe de formar um Estado consistente, de instituições sólidas e capaz de assegurar ao cidadão as garantias e direitos necessários para uma vida segura.
Já não somos uma nação jovem, eterna desculpa dos que tentam justificar nossas trapalhadas. Tampouco somos o país tão rico, como propalam os que procuram demonstrar otimismo com o nosso futuro. Nossa ignorância em relação ao meio ambiente, nossa ganância e nossa subserviência em relação aos interesses dos endinheirados nos fazem cúmplices da irresponsabilidade ambiental que destrói nossas riquezas.
Em nome de uma pretensa alegria e irreverência, somos omissos politicamente, e pela omissão patrocinamos as crises que sempre vivemos. Como a de agora, por exemplo.
Não temos muito, ou quase nada mesmo, o que comemorar hoje. Se, há 199 anos, nos libertamos do jugo português, não conseguimos nos libertar da opressão criada pela nossa omissão que permite o surgimento de uma elite política dominante que, em defesa de seus interesses, nos mantém no atraso com o discurso do país do futuro.
Já passa da hora de reagirmos, de mostrarmos que somos realmente independentes para construir o país que queremos. Uma reação firme, mas sem a violência que só interessa aos que se escoram nos aparelhos do Estado, financiados pelo povo, para produzir e coibir a violência. Hoje é 7 de Setembro. Dia da nossa independência.
Para sermos independentes, temos que mostrar maturidade. Hoje, ao contrário do que buscam alguns, não pode ser um dia de conflito. Se não temos o que comemorar, pois estamos muito longe de sermos um país independente, considerando todas as nossas carências, não temos também porque buscar o conflito entre nosso povo.
A violência que alguns estimulam só interessa aos fracos. O tumulto é o caminho dos que, sem capacidade de liderar, querem dominar. O momento é, sim, delicado, malgrado os discursos daqueles que criam o ambiente hostil e buscam formas de escondê-lo.
O momento não é delicado apenas na política. Delicado também na economia. Delicado também para a recuperação de nossas perdas sociais, perdas causadas pela crise sanitária e pela má condução da economia e da política. Buscar o consenso para que o Brasil tenha tranquilidade e independência para avançar – no que já está muito atrasado – é tarefa que se mostra cada dia mais difícil, por culpa dos aproveitadores de lado a lado.
Exigir responsabilidade dos pseudolíderes tem que ser compromisso de todos nós. Por isso hoje, definitivamente, não é um dia de comemorações. É dia de paz e reflexão sobre o papel de cada um de nós.