Eles já são mais de 400. Todos, claro, jurando inocência, almas puras que decidiram fazer da política um sacerdócio. Cumprem missão espinhosa de representar o povo, que deles exige dedicação exclusiva, obrigando-os, em muitos casos, a abandonar sua profissão civil para se dedicar exclusivamente à causa de servir.
Esse é o discurso de quem resolveu fazer da política uma profissão apenas. Não são raros os que, como Sarney, Sérgio Cabral (nunca se viu ganhar tanto dinheiro em tão pouco tempo para gastar no presídio), Alvaro Dias, Aécio Neves e tantos outros fizeram e fazem da política um meio de vida.
São profissionais. Nada de altruísmo, nada de abnegação. Vivem de fazer política e, para isso, pagam qualquer preço. A Lava Jato e outras operações já realizadas ou em curso mostram que tanto apego tem mesmo um preço. E ele é muito alto para a sociedade.
Imaginem o quanto se deixou de realizar no país, quantas obras ficaram no projeto ou inacabadas por falta de recursos, desviados para atender esses profissionais. Gente que, até mais do que desviar recursos, viciou o povo em pequenos favores em troca do voto. É desse vício que sobrevivem, obtendo mandatos sucessivos.
Agora que se discute tantas reformas no país é, certamente, a hora de se buscar uma forma de mudar essa realidade. Para obstar o caminho desses que usam a política como meio de vida. Para cortar o vício do eleitor, obrigando-o a pensar diante da urna. E para acabar com a dinastia de famílias que fazem dos mandatos políticos um bem hereditário.
A única forma que me ocorre é a de, por lei, sem violências, fixar um número de mandatos, dois, três no máximo, que um cidadão pode exercer de forma consecutiva. É uma ideia. Que não é nova e é ferozmente combatida por quem é político de carreira. Antidemocrática por cassar o direito do cidadão de votar e ser votado? Pode parecer, mas não é.
Antidemocrático, tolher o direito do cidadão, é desviar recursos públicos para assegurar mandatos espúrios indefinidamente. Limitar o número de mandatos é também uma forma de acabar com o mandonismo político. É acabar com os currais eleitorais que, em pleno século XXI, ainda existem Brasil afora. É obrigar a renovação.
Não é na necessidade de se renovar, de oxigenar os tribunais superiores, de se reduzir os ilimitados poderes de seus membros que se sustenta a proposta de alguns parlamentares de transformar em mandatos de dez anos a hoje vitaliciedade dos ministros? Se impor limites ao Judiciário traz tantos benefícios, por que não traria também ao Legislativo?
O fato é que algo precisa mudar. Nenhuma democracia se sustenta sem políticos com credibilidade. E os nossos, por culpa deles mesmos, estão desmoralizados. Renovar é imprescindível. É preciso encontrar forma de forçar uma renovação sem atos extremos. A limitação do número de mandatos pode ser um caminho. Pode ser, não é o único. A hora de propor e debater mudanças, reformas, é esta. Então...
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