PAULO DINIZ

“Dream team” escalado

O termo “dream team passou a figurar como um adjetivo genérico, aplicável a qualquer coletivo que exceda, e muito, a seus oponentes em qualquer campo de ação

Por Paulo Diniz Filho
Publicado em 31 de maio de 2022 | 05:00
 
 
 
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Seja por questões comerciais, jurídicas ou técnicas, as divergências entre a Associação Nacional de Basquete dos Estados Unidos e os órgãos internacionais que regulam o esporte se estenderam por vários anos. Como consequência, a cada competição de destaque, os Estados Unidos nunca enviavam seus melhores jogadores para medir forças com as demais seleções. Era, portanto, uma decepção contínua para os amantes desse esporte – no qual os EUA sempre se destacaram.

Até que chegou 1992, trazendo consigo os grandiosos Jogos Olímpicos de Barcelona. Para coroar o evento, aconteceu o tão esperado acordo entre as entidades gestoras do basquete, e enfim os EUA destacaram seus melhores atletas para a competição – há quem diga ter sido esta a melhor equipe da história desse esporte. A escalação do time ianque gerou um apelido imediato, que resistiu ao tempo e às traduções: era o Dream Team – o “time dos sonhos”, em bom português.

O impacto desse acontecimento esportivo foi tamanho que, desde então, o termo “dream team” passou a figurar como um adjetivo genérico, aplicável a qualquer coletivo que exceda, e muito, a seus oponentes em qualquer campo de ação.

Não é exagero dizer, assim, que a coalizão política formada para dar sustentação às gestões de Aécio Neves no governo de Minas Gerais era um autêntico “dream team” da política. Não apenas compunham essa equipe partidos os mais diversos, como também as lideranças mais significativas de cada região.

Muitas vezes negligenciado por analistas e pela imprensa, o aspecto regional da política mineira tem importância enorme para a eleição e sustentação de um governo: grande, populoso e diverso como um país, o território mineiro não pode ser compreendido de forma linear – especialmente se essa visão parte do ponto de vista da capital.

Assim, olhar para o passado é uma chave essencial para se compreender o futuro. As principais peças do “dream team” aecista não deram sinais de terem se aliado a Pimentel ou a Zema nos últimos anos, estando ainda hoje – ao que parece – disponíveis novamente para escalação. Improvável pensar que tais lideranças tenham perdido seus contatos, trânsito, respeito e influência entre as centenas de prefeitos de suas respectivas regiões.

Nomeadamente, é possível citar Odelmo Leão no Triângulo, Danilo de Castro na Zona da Mata e Arlen Santiago no Norte, como titulares absolutos desse “dream team” político, capazes de arregimentar alguns milhões de votos com relativa facilidade. Outros nomes dignos de nota, pelo histórico aecista e influência regional, seriam Dinis Pinheiro, Alberto Pinto Coelho, Elbe Brandão e Dilzon Melo – todos, protagonistas de longas carreiras políticas, cuja influência não desbota com facilidade.

Custa muito pouco – ou até nada – para que Aécio Neves convoque novamente seu “dream team” e o deixe pronto para jogar em favor da chapa tucana: não apenas para sua candidatura ao Senado, que está cada vez mais madura, quanto para o pleito de Marcus Pestana ao governo de Minas Gerais.

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