PAULO DINIZ

Minas 2018: muitos nomes em jogo e nenhum que seja favorito

A oposição vai avançar unida sobre um PT em decomposição


Publicado em 06 de junho de 2017 | 03:00
 
 
 
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As notícias das últimas semanas, de delações contra o senador Aécio Neves até notas incisivas em colunas sociais, ajudam a compor um quadro inicial sobre a sucessão para o governo de Minas Gerais. Diferentemente do que ocorreu há quatro anos, quando era pequeno o movimento de pré-candidatos buscando emplacar seus nomes, hoje vemos várias lideranças políticas movimentando-se para marcar território, indicando um possível cenário com vários postulantes ao Palácio da Liberdade em 2018.

Dois fatores eram marcantes em 2013, ano eleitoral equivalente a 2017. Primeiro, as manifestações populares, sem pautas claras ou lideranças, serviram para colocar os políticos brasileiros na defensiva, receosos de expor seus planos eleitorais diante de um país em chamas. O segundo aspecto era a hegemonia do PSDB em Minas, sob o comando de Aécio Neves. Nesse contexto, contava mais a adequação das agendas pessoais aos planos da cúpula tucana do que a viabilidade eleitoral que cada postulante a candidato poderia vir a ter. Um soldado fiel e discreto da coalizão governista teria mais chances de ser recompensado do que um valente herói solitário: o exemplo de Antonio Anastasia, eleito governador em 2010, dava motivos de sobra para que todos respeitassem a hierarquia do poder tucano.

A opção por Pimenta da Veiga como cabeça da chapa em 2014 frustrou a todos aqueles que, inseridos no cotidiano da política mineira, haviam abdicado do protagonismo no período pré-eleitoral por esperar que o comando tucano fizesse uma escolha razoável. Hoje, nenhuma figura política mineira com potencial eleitoral está disposta a se sacrificar pela unidade de qualquer coalizão. A oposição, que agora poderia avançar unida sobre um PT em decomposição e um PMDB dividido, vai certamente apresentar vários candidatos, assumindo o risco de enfraquecer sua mensagem junto à população. Complementando o contexto atual, a derrocada do senador Aécio Neves intensifica a redução de seu poder sobre a política mineira: esse fato torna muito difícil que forças políticas distintas coordenem suas ações contra o atual grupo governista.

Além de perceber esse movimento, vale a pena também questionar o potencial eleitoral desse novo padrão de comportamento. Sabe-se que a política é feita sobretudo pela criação de alianças, porém quais lideranças regionais da antiga base tucana ainda estariam dispostas a reeditar a coalizão do passado? É fato que a ausência de Aécio do interior mineiro há anos, somada à perda do poder pelo PSDB, contribuiu para dispersar prefeitos e deputados das várias regiões de Minas, deixando-os potencialmente dispostos a explorar caminhos que levassem para perto do governo atual.

Porém, não se pode esperar que tantas lideranças regionais tenham-se tornado governistas, principalmente devido às limitações políticas que pesam sobre os dois principais partidos do governo. O PT continua com pouca afinidade com o interior mineiro, algo agravado pelas derrotas eleitorais de 2016 e pela delicada situação jurídica do governador Fernando Pimentel. Já o astuto PMDB se vê contido por sua profunda fratura interna, assim como pela falta de recursos estaduais que pudessem ter sido distribuídos na forma de benesses para as sofridas administrações municipais.

Temos, portanto, um quadro pré-eleitoral bastante indefinido em Minas: muitos nomes em jogo e um panorama de alianças regionais que ainda não aponta favoritos.

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