Nova perspectiva

Reflexão essencial para 2024

É comum que artigos desta coluna sejam reproduzidos e compartilhados em diferentes contextos, com o intuito de ganhar significados

Por Paulo DIniz
Publicado em 09 de janeiro de 2024 | 03:00
 
 
 
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É comum que artigos desta coluna sejam reproduzidos e compartilhados em diferentes contextos, com o intuito de ganhar significados – sobretudo políticos – diferentes dos originais. Esse risco é inerente a toda comunicação, e deve ser levado em conta por quem escreve. O presente artigo, portanto, traz potencial para desempenhar esse papel de mensageiro de recados alheios, que originalmente não habitam essas entrelinhas.

Dado o recado, vamos a uma reflexão genérica: cabe em qualquer época, configuração ideológica ou partidária.

Juscelino Kubitschek foi um dos maiores revolucionários brasileiros, pois seu legado mudou as estruturas mais profundas do país. Os números não fazem jus à sua obra: a principal contribuição de JK foi a de alterar categorias de ação no Brasil, e não apenas de fazer crescer a economia, o número de indústrias ou a quilometragem das estradas brasileiras. Em termos simplistas, sob a liderança de JK, o Brasil não se tornou campeão do jogo que vinha praticando há anos, mas, sim, passou a praticar outra modalidade esportiva. Seria impensável, por exemplo, figurar entre as dez maiores economias do mundo sendo um país que importava quase todos os gêneros industriais e arcava com tais despesas vendendo café mundo afora.

Enquanto concretizava sua revolução, Juscelino contava com a oposição ferrenha daqueles que haviam se adaptado para obter prosperidade individual em meio à mediocridade que caracterizava o Brasil de então. Qualquer evolução que beneficiasse o país colocaria em risco os esquemas de benefício individuais.

O ataque era diário e feroz, condenando desde as horas de sono dormidas por JK até a intimidade do casal presidencial. Como nos “cancelamentos” do mundo virtual de hoje, pouco importava apresentar vestígios de veracidade: JK recebeu a pecha de corrupto, que nunca se comprovou, assim como ganhou culpa pelo endividamento surreal contratado pelos militares.

Mesmo com toda a oposição dos baluartes da mediocridade, a revolução planejada por Juscelino Kubitschek se consolidou no Brasil. É fato que nenhum projeto é perfeito e que continuidade e refinamento sempre se fazem necessários. Porém, é gigantesco o mérito de revolucionar as bases de funcionamento de um país, e talvez JK apenas o partilhe com dois ou três outros brasileiros em nossa história.

Nos dias atuais, é essencial refletir sobre quais são as figuras políticas que se encarregam de defender projetos de mudança e quais são aquelas que trabalham para consolidar o atraso – garantindo assim as vantagens que hoje auferem a partir da mediocridade geral. Não é preciso entrar no mérito das propostas de mudança – basta que seus autores queiram revolucionar, escalar mais um degrau, alterar estruturas, enfim, romper a inércia. Os “profissionais do atraso”, por sua vez, têm belos discursos, mas, no fundo, querem só que nada mude.

O cidadão que se lançar ao questionamento de forma honesta e profunda certamente passará a olhar para a política e seus personagens sob uma nova perspectiva.

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