É comum distinguir os governos segundo suas convicções ideológicas, se de esquerda ou de direita. Mas, nos tempos atuais, populismo personalista e atitudes visando a somar apoios nas redes sociais predominam sobre ideologias. Assim, uma forma para avaliar como um governo lida com seus problemas e com o futuro é classificá-lo como proativo ou reativo. 

Um governo proativo se antecipa aos problemas. Não espera que crises surjam, planeja e executa ações para obter resultados duradouros. Sua marca é a visão estratégica, com investimentos em áreas indutoras de progresso. A construção de Brasília exemplifica o caso clássico de uma gestão proativa como foi a de Juscelino Kubitschek. Seu Plano de Metas foi uma ousada estratégia. Avançar 50 anos em 5, seu mantra. 

Na ditadura militar (1968-1973), o “milagre econômico” evidencia outro exemplo de governos proativos. Após promover reformas, como a tributária, os governos executaram grandes obras estruturantes e fortaleceram as empresas estatais sob a estratégia de industrialização via substituição de importações. 

Diante de uma economia desorganizada, nos dois últimos anos do governo Itamar Franco (1993-1994) foi elaborado o Programa de Ação Imediata (PAI) e lançado o Plano Real, que, executado no governo FHC (1995-2002), eliminou a hiperinflação e abriu as portas para uma agenda de privatizações e para a Lei de Responsabilidade Fiscal, que buscaram modernizar o Estado para novo ciclo de expansão. Outro exemplo de governos proativos.

O primeiro governo de Lula (2003-2010) continuou a política macroeconômica do governo FHC e manifestou a tônica proativa com programas sociais, como o Bolsa Família, e investimentos em moradias populares.

Um governo reativo, ao contrário, age apenas em resposta a problemas imediatos, sem estratégias para o desenvolvimento no longo prazo. Sua principal ação é tentar “apagar incêndios”, reagindo a crises políticas e/ou econômicas. O governo de José Sarney (1985-1990) é um claro exemplo. Sua gestão foi dominada por tentativas de combater a hiperinflação, sem sucesso. 

De forma semelhante, o governo de Fernando Collor (1990-1992) também foi reativo, com medidas drásticas, como o confisco da poupança e o desmonte da organização governamental. 

Neste século, o governo de Dilma Rousseff (2011-2016) foi reativo, tornando mais grave a crise econômica. A gestão de Jair Bolsonaro (2019-2022) foi outra experiência reativa, sem respostas estruturantes às crises econômica, sanitária e política e sem estratégia de longo prazo.

Por fim, o governo Lula III (2023-2026) continua no mesmo diapasão de Bolsonaro, rodopiando ao sabor dos ventos, sem planos de longo prazo, tampouco compromisso com a responsabilidade fiscal.

Em 2026 haverá eleições gerais. Está passando da hora de o Brasil encontrar um governo proativo comprometido com a prosperidade e com o bem-estar coletivo. Chega de conflitos estéreis.