PAULO PAIVA

Oh! Minas Gerais

Um fato novo na política mineira é a presença de um paulista, terrivelmente habilidoso, Gilberto Kassab, dono do PSD


Publicado em 23 de julho de 2021 | 05:00
 
 
 
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Por aqui, conversando nas ruas e nos ônibus, falando com vizinhos e amigos, não parece que haverá eleições no próximo ano. Hélio Garcia, político experiente, dizia, no seu jeito matreiro de analisar: “eleição só depois da parada” – referindo-se ao feriado de 7 de Setembro.

Pesquisa eleitoral para governador, então, nem tem pra olhar. Cuidado com a opinião de quem se fia nas poucas que aparecem. Mineiro parece tímido, mas é ressabiado, desconfiado, dissimulado, enganoso. Diz a lenda política que certa vez Tancredo Neves, ao se encontrar com Magalhães Pinto no aeroporto, depois dos cumprimentos de praxe, lhe perguntou: “Para onde você vai, Magalhães?”. Este prontamente lhe respondeu: “Para Divinópolis”, e se despediram. Tancredo comentou com seu companheiro de viagem: “Me disse que está indo para Divinópolis para eu pensar que está indo para Brasília, mas ele vai mesmo é para Divinópolis”. Vá decifrar essa gente.

Um fato novo na política mineira é a presença de um paulista, terrivelmente habilidoso, Gilberto Kassab, dono do PSD. Sua estratégia é conseguir construir boa base de apoio no triângulo São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Por aqui, montou um time de primeira com dois senadores – está seduzindo o terceiro – e 79 prefeitos, com destaque para os bem-avaliados da região metropolitana Vittorio Medioli, de Betim, e Alexandre Kalil, de BH; este forte postulante ao Palácio da Liberdade, mas pronto para voar mais alto.

O governador Zema, incumbente, é candidato declarado imaginando estar ainda em 2018, ao bater de frente com os deputados e mirar o voto antipolítico. Pelo andar da carruagem, deverá fazer uma campanha solo, confiando na força das redes sociais e no eleitor do interior e, quem sabe, sonhando com os ventos bolsonaristas. Alguém crê que o que já foi novo um dia será novo novamente?

Mas o xadrez não está todo montado. Há de se prestar atenção nos que estão aparentemente mudos. Em 2022, PSDB e PT terão grande chance para recolocarem na ribalta, não necessariamente no Palácio da Liberdade, Aécio Neves e Fernando Pimentel, escudados pela liberação do então condenado e preso, Lula, hoje candidato à Presidência. Não perderão essa oportunidade. Aqui nas alterosas, PSDB e PT já ocuparam o espaço de oposição a Bolsonaro.

Kassab tem lá seus objetivos, que nada têm a ver com os interesses de Minas. Quer atrair Rodrigo Pacheco para disputar a Presidência. Será? Ou quer equidistância de Bolsonaro e Lula para, no segundo turno, vender caro seu apoio? Ou, mesmo, compor com um dos dois, oferecendo o vice? Como o senador Anastasia já nos lembrou, desde Collor, todos os presidentes eleitos ganharam em Minas.

Entrementes, com o quê estaria preocupado o eleitor mineiro? Talvez, com aqueles bois que passaram voando ontem no final da tarde.

Oh! Minas Gerais.

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