PAULO PAIVA

Onde estão os campeões nacionais?

Redação O Tempo


Publicado em 24 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
 
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O moderno Estado brasileiro, cuja origem remonta ao período Vargas, foi construído sobre quatro pilares: intervenção centralizadora, nacionalismo, corporativismo sindical – laboral e patronal – e paternalismo populista. Esse Estado foi fundamental para estimular o desenvolvimento econômico com base na industrialização via substituição de importações.

O regime militar não só manteve os pilares, como, durante o governo Geisel, fortaleceu a política de industrialização via substituição de importações, privilegiando os campeões nacionais, isto é, as empresas de capital nacional escolhidas para liderar seus respectivos setores.

De 1950 a 1980, a economia expandiu-se extraordinariamente a 7% ao ano.

Nos governos Lula e Dilma, principalmente, a mesma estratégia foi recriada. O Estado voltou a ser mais interventor; na exploração de petróleo, exigiu-se participação maior de componentes nacionais; e o BNDES ampliou seus programas de apoio seletivo com juros subsidiados para os eleitos. O programa do pré-sal tornou-se o carro-chefe de um novo Brasil grande.

Mas as revelações da Lava Jato e outras tantas investigações conduzidas pelo MPF e pela PF desnudaram organizações que se apropriaram do Estado e expuseram as vísceras do compadrio de políticos com empresários. Tudo acontecendo com o beneplácito ou omissão das lideranças empresariais e sindicais.

Onde estão os campeões nacionais agora?

Um dos eleitos, Eike Batista, que chegou a ser considerado um dos homens mais ricos do mundo, com acesso aos gabinetes mais poderosos de Brasília, viu sua fortuna, estimada em mais de US$ 35 bilhões, virar pó. Após ser objeto das operações Calicute, braço da Lava Jato, e Eficiência, Eike permanece em prisão domiciliar. É acusado de pagar propina ao ex-governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro.

A JBS, outra escolhida, se tornou uma das maiores indústrias de carnes do mundo, atuando em mais de 22 países, nos cinco continentes. Contou com o apoio do BNDES para sua expansão visando torná-la uma multinacional brasileira. Hoje, seus principais diretores, Joesley e Wesley Batista, estão presos, após os desastrados episódios de suas delações, com envolvimento de procuradores da República.

Outra foi a Odebrecht, que chegou a ser a maior empresa no setor de construção no Brasil, presente em 24 países, com negócios diversificados, atuando nas áreas de engenharia, construção, indústria, imobiliária e energia. Seu presidente executivo, Marcelo Odebrecht, está preso há mais de dois anos.

A ambição, a corrupção e a certeza da impunidade destruíram os sonhos dos novos campeões nacionais. Sob o comando do PT no governo, formaram-se conluios de lideranças políticas de todos os matizes ideológicos com empresários para assaltar o Estado, fraudar as eleições e impedir a competição. A história repetiu-se, desta vez como tragédia.

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