Liderança política não se ensina na escola, se forja ao longo da experiência, na prática da lida diária, no enfrentamento de embates, na construção de alianças e consensos e, por fim, na conquista da simpatia popular expressa na vitória eleitoral.

Não é incomum o líder maior de um país chegar à Presidência queimando etapas, sem passar em sua carreira por período de prática administrativa prévia. Dependendo de suas habilidades, ele poderá ter sucesso ou se tornar um grande fracasso, perdendo rapidamente seu capital político. 

Na arena política, o presidente eficiente é aquele que se comunica com transparência e coerência; que agrega políticos e pessoas para colaborar com sua administração; que soluciona conflitos; que motiva a sociedade; e que angaria confiança.

Muitas vezes, o presidente eleito pode confundir poder com autoridade, que são conceitos diferentes, nos regimes democráticos. O poder é delegado pelo voto e está submetido aos limites do ordenamento institucional e da ética. Autoridade advém do exercício desse poder e da legitimidade conquistada na atividade diária. Exercer o poder sem respeitar seus limites legais e éticos é, simplesmente, autoritarismo que não combina com democracia.

Faço essas observações para propor uma avaliação do desempenho da liderança do atual presidente do Brasil nos seus primeiros seis meses de governo, perguntando ao leitor e à leitora quais, das cinco principais competências de um líder, apresentadas a seguir, teria o presidente Bolsonaro?

1. Promover relacionamentos construtivos. O bom presidente líder governa para todos, deixa para trás as disputas eleitorais e procura construir um ambiente proativo para sua gestão. Governa sem ódio e sem ressentimento, como dizia, com sabedoria, Hélio Garcia. Não estimula a dissensão, mas a união; não provoca os antigos adversários, mas trata todos igualmente. 

2. Resiliente. O bom presidente líder trata com equilíbrio as pressões, as adversidades e o estresse. Não se afunda em emoções e em agressões gratuitas. 

3. Confiante e flexível. O bom presidente líder é confiante, não se abala com críticas, mas pondera e aceita aquelas construtivas, e é flexível, estando pronto a mudar de ideia e se ajustar a novas situações. 

4. Inspirador. O bom presidente líder tem capacidade para inspirar seus colaboradores e a população em geral, com conduta equilibrada e ilibada e com seus exemplos. 

5. Comunica-se com eficácia. O bom presidente líder se expressa com clareza e objetividade, transmitindo confiança, credibilidade e transparência. É comedido nas suas palavras. 

Na minha visão, a falta de inteligência emocional e sua incontinência verbal, provocando o ódio e a divisão interna, e suas vis agressões desrespeitosas, como as feitas à família do presidente da OAB, passaram do limite do aceitável, evidenciando seu despreparo para ser o principal líder político do país.