Rumo ao Catar

Copa 2022: os vencedores e perdedores do início das Eliminatórias da Europa

A Alemanha voltou a dar vexame. Enquanto isso, Mancini e a Itália seguem triunfantes; Tem ainda a Dinamáquina passsando o carro e armênios vivendo o sonho

Por Josias Pereira
Publicado em 01 de abril de 2021 | 15:17
 
 
 
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A primeira onda de jogos que definirão os 13 classificados da Europa à Copa do Mundo do Catar deixou rastros de encantamento e também de implosão. Algumas nações poderosas mostraram nítidas dificuldades nos dois ou três jogos que realizaram no certame qualificatório, comprovando o nivelamento cada dia mais falado do futebol mundial. A Itália de Roberto Mancini continua muito bem, obrigado! Seguido pela invencibilidade incontestável dos ingleses e armênios, isso mesmo! No grupo J, a líder é a Armênia com a Alemanha sendo uma das grandes decepções. E ainda tem mais seleções empolgantes, como a Turquia, que com duas vitórias e um empate andou aprontando para cima dos holandeses. 

Vamos conferir isso mais de perto?

OS MELHORES 

Se liga, na Turquia! 

A Turquia foi semifinalista da Copa do Mundo de 2002, quando enfrentou o Brasil por duas vezes, na Coreia do Sul e Japão. Desde então, os turcos nunca mais voltaram a um Mundial. Mas eles parecem estar com fome agora e querem mudar essa história. Dos nove pontos possíveis, os turcos fizeram sete. Ganharam dos sempre ‘guerreiros’ Netherlands (holandeses) e ainda não se intimidaram com Haaland e cia, vencendo novamente. Encerraram a participação inicial com um empate diante da Letônia e na ponta do grupo G, com sete pontos. E olha, poderia ter sido uma jornada perfeita. A seleção turca liderava o placar por 3 a 1 até sofrer o inesperado empate por 3 a 3, no Ataturk Olympic Stadium, em Istambul. 

A estrela da companhia foi o atacante Burak Yilmaz, do Lille, da França, com quatro gols em três jogos, três só contra a Holanda. Mas há espaço aqui também para destacar Hakan Calhanoglu, meia-atacante do Milan, e o meia Ozan Tufan, do Fenerbahçe, outros destaques desta primeira onda das Eliminatórias Europeias. Azarões, os turcos devem chegar em boa forma para a Euro e estão no caminho para complicar a vida holandesa pensando no Catar 2022. 

O choque armênio 

O futebol sempre foi o esporte mais popular da Armênia, um país que exportou grandes atletas para a extinta seleção da União Soviética e com times famosos dentro do Leste Europeu, como o Ararat, que chegou a cruzar o caminho do Bayern de Munique, de Franz Beckenbauer, nas quartas de final da Copa Europeia, a antiga Liga dos Campeões, na temporada 1974-1975. É bom citar os alemães porque, ao que tudo indica, os armênios já despontam como grande ameaça no grupo J. 

Depois de uma vitória sofrida por 1 a 0 sobre Liechtenstein na estreia e a ausência da estrela Henrikh Mkhitaryan, todo mundo pensou que a Armênia oscilaria. Mas, ao invés disso, o time floresceu. Conseguiu uma convincente vitória para cima da Islândia (que queda livre vai experimentando os nórdicos após sua geração iluminada) por 2 a 0, e embate com tons apoteóticos no 3 a 2 sobre a Romênia. jogos em que Tigran Barseghyan e Khoren Bayramyan subiram o nível e apareceram como destaques do time. Quando a bola voltar a rolar na briga pelo Catar 2022, isso só em setembro, a Armênia pega a Macedônia do Norte e depois a toda-poderosa (nem tanto neste momento) Alemanha, já sem Jöachim Low, que tem contrato até o fim da Eurocopa. Pode ser uma oportunidade importante na jornada pelo Mundial, uma vez que posteriormente o rival será novamente Liechtenstein. 

Avante, Azurri! 

Roberto Mancini segue invencível com a seleção italiana após o término da primeira onda de jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, em 2022. Em nove pontos possíveis, nove pontos na conta. Vitórias sobre a Irlanda do Norte, Bulgária e Lituânia. O topo do grupo C assegurado. A Itália é realmente uma das seleções para se observar durante a Euro. Um trabalho de renovação que pode dar frutos já no próximo verão europeu, apagando os vexames recentes dos italianos em competições continentais, como a ausência na Copa do Mundo da Rússia. De acordo com o Gracenote, a atual sequência da Itália (20 vitórias, cinco empates e nenhuma derrota) já igualou a segunda maior série invicta da seleção nacional, registrada entre outubro de 2004 e julho de 2006. A maior são 30 jogos sem saber o que é perder, no que compreendeu entre novembro de 1935 a julho de 1939. 

DINAMÁQUINA 

Em 1986, a Dinamarca ganhou o apelido de ‘Dinamáquina’ ao surpreender na estreia em Copas vencendo os três jogos da primeira fase - 1 a 0 na Escócia, 6 a 1 no Uruguai e 2 a 0 na Alemanha Ocidental. Em 1998, na França, chegou às quartas de final, promovendo um jogo de alta tensão contra a seleção brasileira, que venceria por 3 a 2. Os nórdicos têm história e começaram a caminhada rumo ao Catar com o pé no acelerador. Meteram 14 gols em três jogos e não sofreram nenhum. A Dinamarca simplesmente ofuscou o grupo, já abrindo quatro pontos de frente para Escócia e ainda vendo a hipotética rival Áustria na quarta posição atrás de Israel. O negócio anda tão bom na Dinamarca que até na Euro sub-21 a seleção não está perdoando. Na fase de grupos da categoria, foram três vitórias, com seis gols marcados e nenhum sofrido. 

A geração belga 

A famosa geração belga continua. Líderes do ranking da Fifa, os belgas começaram com tudo superando o País de Gales de Gareth Bale por 3 a 1, deram uma patinada contra a República Checa, mas foram implacáveis contra Belarus, enfiando logo um 8 a 0, com dois gols cada para Vanaken e Trossard. A ponta da chave E é mais do que propícia e olha, ao que tudo indica, a classificação pode vir com uma certa tranquilidade, já que os checos andaram caindo de nível após o massacre para cima da Estônia, quando venceram por 6 a 2. 

Os seguros ingleses 

A Inglaterra pode ter sofrido para bater uma combalida Polônia por 2 a 1, em Wembley, uma partida em que os poloneses se encontravam em uma terrível situação sem o craque Lewandowski, lesionado. Mas antes disso, os comandados pelo sempre elegante técnico Gareth Southgate, fizeram partidas muito seguras frente a San Marino e também Albania, acumulando sete gols nos desafios. Desde a Copa do Mundo da Rússia já é sabido que a Inglaterra é uma das grandes forças do futebol atual, cotados, inclusive, para uma eventual decisão de Mundial. Os jogos desta primeira onda de Eliminatórias foram fundamentais para análise e também algumas definições pensando na lista de convocados para a Euro. O meia Mason Mount, do Chelsea, por exemplo, aproveitou a oportunidade. 

Menções honrosas 

A Sérvia tem tudo para dar um sufoco em Portugal no grupo A das Eliminatórias. Tudo graças a um ótimo trabalho de reconstrução da seleção local comandado pelo eterno craque Dragan Stojkovic. No embate com os lusitanos, no Marakana, em Belgrado, o empate por 2 a 2 prevaleceu. Um jogo que ficará marcado pela fúria de Cristiano Ronaldo com a arbitragem que não validou um gol polêmico. E aí? Cruzou a linha ou não. O fato é que Ronaldo deixou o campo ‘p’ da vida e ainda jogou a braçadeira de capitão no chão. Que deselegante! 

A Suécia de Ibra também está invicta e só não ampliou mais a sequência porque atuou apenas em dois jogos nestas três primeiras rodadas. Com isso, a Espanha assumiu a dianteira no grupo B, com sete pontos. Um futebol bem mais ou menos jogado pelos espanhóis, que empataram com a Grécia, sofreram contra a Geórgia e quase se complicaram contra Kosovo, mas garantiram o 3 a 1. Destaque para Dani Olmo, do Leipzig, mantendo atuações consistentes. 

A França também não foi lá essas coisas. Mas em um grupo B muito desnivelado, já abriu quatro pontos para a Ucrânia (7 contra 3) e tem tudo para se garantir de forma tranquila em mais uma Copa do Mundo. 

Um grupo para ficar de olho é o H. Croácia e Rússia lideram com seis pontos cada, mas a Eslováquia vem com cinco e já andou complicando a vida dos russos. O Chipre, para vocês verem, tem quatro pontos, e a Eslovênia tem três. Ou seja, todo mundo está muito próximo e qualquer coisa pode acontecer. 

OS PIORES 

O 2 a 1 foi pouco! 

Aquele ufanismo brasileiro sempre pinta quando o assunto é a Alemanha. Mas praga brasileira ou não, a seleção local anda em desacerto há algum tempo. Foi muito mal na Copa da Rússia, caindo na primeira fase, tomou um 6 a 0 da Espanha no ano passado, pela Liga das Nações, e não é que agora cresceu a lista de vexames tomando um 2 a 1 da Macedônia do Norte, dentro de Duisburg? Foi a primeira derrota em casa da seleção alemã nas eliminatórias para a Copa do Mundo desde o 5 a 1 aplicado pela Inglaterra, em 2001, na cidade de Munique. Ter vencido a Romênia e a Islândia ainda deu uma aliviada na barra de Löw e seus comandados. Porém, as críticas da imprensa alemã cresceram. E olha, a Eurocopa não será nada fácil. Em um grupo da morte com França, Portugal e Hungria, os alemães podem, mais uma vez, decepcionar. 

Sem trevo da sorte 

A Irlanda segue sofrendo bastante no estágio internacional. Foram apenas dois jogos disputados, podemos até relevar o fato de que a estreia foi contra a Sérvia, uma partida bem disputada e que terminou em vitória dos rivais por 3 a 2. Mas na segunda rodada, a Irlanda não conseguiu superar Luxemburgo e está zerada na chave A, com Portugal e Sérvia disparados com sete pontos. O zagueiro Dara O'shea, do West Bromwich, lamentou o início. Como ele disse nas redes sociais, a seleção precisa aprender com os erros, tirar os pontos positivos e seguir em frente. E é bom mesmo. Porque logo de cara, em setembro, a parada será dura contra Cristiano Ronaldo em Portugal. 

Que ‘Foda’

O trocadilho é só uma apropriação literária já que o técnico da seleção austríaca é ninguém menos que o ex-jogador alemão Franco Foda. A quinta série prevalece. Mas deixando as piadas de lado, foi decepcionante para os austríacos os três primeiros jogos das Eliminatórias. Começou ali com um empate diante da Escócia. Depois veio o suspiro ao vencer a fraquíssima Ilhas Faroé por 3 a 1. Mas perder por 4 a 0 para os dinamarqueses foi um duro golpe. Agora a Áustria está quatro pontos atrás dos nórdicos e ainda ocupa a quarta posição nas Eliminatórias, vendo Escócia e Israel à frente. A Áustria terá que se ajustar quando a bola voltar a rolar em setembro, quando a tabela colocará confrontos diante da Moldávia, Israel e Escócia na sequência. Vencer é uma necessidade. 

Belarus 

A presença aqui se dá muito por causa do atropelamento sofrido diante dos belgas. Até porque Belarus (ou Bielorrúsia) conseguiu vencer a Estônia na estreia por 4 a 2. As coisas tendem a se complicar para a seleção local caso não ocorram mudanças. Belarus terá jogos contra República Checa e País de Gales na sequência. Desafios e tanto. 

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