JOSIAS PEREIRA

Gilvan entrega Cruzeiro ainda mais gigante

Redação O Tempo


Publicado em 02 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Depois de seis anos, Gilvan de Pinho Tavares caminha para seus últimos meses como presidente do Cruzeiro. Uma administração que, no fim das contas, saiu-se como uma das mais vitoriosas da história do clube. Recordo-me que no fim daquele 2012 turbulento, em que o Cruzeiro, por vezes, flertou com a queda, uma decisão arriscada mudou o rumo da Raposa definitivamente. Pois sim, na vida é preciso assumir riscos. E Gilvan o fez ao depositar um cheque em branco nas mãos de Alexandre Mattos, então seu diretor de futebol, para montar um time campeão.

Montillo se foi de imediato. Uma transferência icônica na era Gilvan. O presidente tem muito o que agradecer ao argentino, tanto pelos anos de serviços prestados à Raposa, quanto ao dinheiro no caixa que permitiu ao time mineiro a contratação de nomes que colocariam o Cruzeiro em outro patamar no país.

Desde 1975/1976, com o Inter, nenhum time fora do eixo Rio-São Paulo havia conquistado o Brasileiro por duas vezes seguidas. Ser campeão nacional de forma consecutiva neste período também foi um privilégio de poucos. Apenas Corinthians e São Paulo estabeleceram essa hegemonia. Até que veio o Cruzeiro de Gilvan em 2013 e 2014.

Ele nunca teve o carisma de Kalil. Até se deu mal no mundo político. As respostas, mais conservadoras, tratavam de diminuir as rusgas, mas sempre sobrava aquela alfinetada. Pois ora, querendo ou não, os dois colocaram o futebol mineiro em evidência. Aquela história de que “um puxou o outro” se confirmou.

Obviamente que o Cruzeiro pagou a conta pelo alto investimento. Foram mais de dois anos de times com pouco brilho. E Gilvan, da glória, conheceu o lado efêmero do futebol. O inferno. Chegou a ser ameaçado, teve questionada sua capacidade de liderança, aquele estilo “bonzinho” ou “tiozão” que irritou vários cruzeirenses. E também chorou a morte de sua mãe, a dona Maria Flor de Maio, aos 97 anos.

Não que ele tenha sido neste período um primor. Contratou umas barcas furadas como Riascos, investiu no inexperiente Deivid, trouxe o tal do Isaías Tinoco para ser diretor de futebol, e ainda demitiu de forma questionável Marcelo Oliveira, o técnico bicampeão nacional.

Mas, diferentemente de dirigentes, dentre eles Daniel Nepomuceno, soube absorver críticas, manter suas convicções, principalmente segurando Mano, para posteriormente ser premiado com mais uma conquista – a Copa do Brasil e o consequente penta. Gilvan não levou o Cruzeiro à conquista do título mundial, como ele estipulou, mas fez a Raposa ser o terceiro time do país em conquistas nacionais, nove no total ao lado de Flamengo e Santos.

É difícil mensurar qual a posição de Gilvan entre os maiores presidentes da história do Cruzeiro, mas, sem dúvidas, ele é um vitorioso. Conseguiu agora provar que, apesar de investimentos modestos, é possível prevalecer frente aos milhões de um futebol cada vez mais predatório. O certo é que Gilvan entrega o Cruzeiro ainda mais gigante do que ele é. O torcedor, mesmo turrão, reconhece. Que essa história de glórias acompanhe e molde o caminho do próximo presidente.

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