JOSIAS PEREIRA

Não se assuste com a bola oval no Brasil

Redação O Tempo


Publicado em 29 de janeiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Há de se considerar, de forma notável, como as redes sociais mudaram a forma de enxergar o mundo. Em vários aspectos, a construção da verdade tida como absoluta já não existe, uma vez que a diversidade de pensamentos apresentados na internet conduz, por meio de logaritmos e tendências de acesso, o receptor a construir sua própria verdade e visualizar apenas o que realmente lhe interessa.

A questão ideológica dessa nova tendência possui contras e prós, mas é notável como a utilização das redes é essencial para quem gera conteúdo, e os que não se adaptam a isso acabam deixando de lado uma importante ferramenta de divulgação pessoal, comercial e de marketing.

Acompanho futebol americano há mais de uma década e vejo com muita felicidade como as redes sociais influenciaram no crescimento da popularidade do esporte em questão no Brasil. O fenômeno já é perceptível há alguns anos, com hashtags relacionadas aos times da NFL dominando a lista de assuntos mais comentados no Twitter brasileiro em plena noite de domingo, pós-rodada do nosso futebol, o da bola redonda.

No início, muitos tomaram isso como tendência, “modismo”. Mas o aumento é notório a cada temporada, atingindo o ápice logo no início do ano, quando a NFL, a liga de futebol americano, um dos mais ricos campeonatos esportivos do planeta, pega fogo nos play-offs até o tão sonhado Super Bowl.

No ano passado, números do Ibope já mostravam que 20% dos internautas do país se declaravam fãs de futebol americano, superando em crescimento esportes como o MMA. A curiosidade desse engajamento é que o futebol americano já denota outro tipo de torcida. Sempre se teve como lógica que o brasileiro gosta de esportes que dão conquistas para o país. Ou seja, enquanto há títulos, o brasileiro acompanha, mas, quando os resultados não vêm, a tendência de seguidores oscila e até diminui.

No entanto, não existe nenhuma estrela brasileira atuando na NFL, a não ser o kicker Cairo Santos, que, inclusive, foi dispensado pelo Kansas City Chiefs, um dos times da liga norte-americana, nesta temporada, devido a uma lesão.

O interesse é orgânico, e muitas pessoas se assustam com a repercussão do esporte em terras tupiniquins. Eu e dois amigos – o Leandro Cabido, comentarista da Super Notícia FM e colunista do SUPER FC, e também o Gustavo Guimarães, jornalista que reside nos Estados Unidos – possuímos um perfil sobre a bola oval no Instagram, chamado Blog First Down, que já conta com quase 25 mil seguidores e um alcance semanal superior a meio milhão de pessoas.

O avanço do futebol americano no Brasil é um reflexo da força das redes sociais, e os norte-americanos estão atentos a isso. O perfil da NFL Brasil no Facebook, por exemplo, possui 17 milhões de seguidores. Marca superior aos números das páginas oficiais de Flamengo e Corinthians, cada uma com mais de 11 milhões de seguidores.

No próximo fim de semana, com o Super Bowl 52 entre Patriots e Eagles, não se assuste com a divulgação massiva e o furor na internet. Uma nova era esportiva se instala, e quem souber usá-la a seu favor conseguirá números que deixarão céticos boquiabertos.

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