Em função da crescente conectividade, ainda mais acelerada pela gradual implementação do 5G, os dados nunca foram tão importantes como são atualmente. Eles consistem em informações poderosas, que podem converter-se em recurso econômico e sensível, ao mesmo tempo. Econômico porque são combustível para as principais ferramentas do mundo contemporâneo que utilizam algoritmos e inteligência artificial. Entretanto, quando revelam aspectos da nossa privacidade e vida íntima, configuram-se como dados sensíveis. Por isso, a proteção é tão relevante.
Embora recente, a temática no Brasil já passou por grande evolução. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) acabou de completar quatro anos. Foi publicada em agosto de 2018, entrou em vigência dois anos depois e as sanções previstas passaram a valer em 2021. Na prática, todos os dispositivos da lei estão sendo aplicados há apenas um ano.
Nossa LGPD foi bastante inovadora para o ordenamento jurídico brasileiro, que até então não continha regras específicas para o tratamento de dados pessoais, e promoveu o alinhamento do país às melhores práticas de proteção de dados pessoais adotadas em todo o mundo. Ela visa proteger a privacidade dos usuários e estabelece que empresas, órgãos do governo federal, Estados e municípios só podem armazenar e tratar dados pessoais se o titular dos mesmos permitir.
Em seguida à promulgação da LGPD, foi criada a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), inicialmente vinculada à administração direta do governo federal e, há pouco, transformada em autarquia com funções de agência, o que lhe assegurou a mesma autonomia das demais agências reguladoras, como Anvisa e Anatel, por exemplo.
No ano passado, foram nomeados os membros do Conselho Nacional de Proteção de Dados e composta a estrutura da ANPD. E, no início de 2022, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional 115, que incluiu a proteção de dados pessoais entre os direitos fundamentais do cidadão brasileiro.
Uma das evidências dos avanços s são as sanções aplicadas pelo Poder Judiciário em decorrência da violação à privacidade e à proteção de dados pessoais: já se somam mais de 600 decisões judiciais, com condenações que vão de multas de R$ 100 até R$ 2,5 milhões.
Porém, ainda há muito espaço para evoluirmos. Pesquisas mostram que poucos consumidores conhecem a LGPD e sabem definir o que são dados pessoais. Nesse sentido, vale comentar que a Proteste, em parceria com o Google Brasil, lançou duas iniciativas bastantes abrangentes e inovadoras nesse campo.
São elas, o site Websegura, exclusivamente dedicado à conscientização sobre a importância da proteção de dados pessoais dos consumidores, adotando linguagem didática e empática de forma a ser compreensível por todos os interessados, e o projeto “LGPD para PMEs”, voltado para as Pequenas e Médias Empresas, com o objetivo de ajudar empreendedores a se adequarem à LGPD. Ambos os conteúdos são gratuitos e podem ser conferidas em https://conectaja.proteste.org.br/websegura/ e https://conectaja.proteste.org.br/lgpdparapme/, respectivamente.
*Fábio Zacharias é CEO da Proteste