Acabamos de vivenciar as eleições para prefeito e pudemos nos deparar com a mudança da agenda política devido às redes sociais. Antigamente, os tempos de rádio e televisão eram um grande trunfo de uma campanha. Isso porque controlar a narrativa televisiva significava, de forma geral, controlar a percepção pública não só sobre os candidatos, mas, principalmente, de suas propostas. Porém, apesar de essa mudança já ser uma realidade, a eleição mostrou que muitos políticos ainda estão perdidos em meio às mudanças trazidas pelas redes.
Hoje, uma postagem, seja no Instagram ou no TikTok, por exemplo, pode viralizar e ter um impacto até maior que o de um horário nobre na televisão. Isso acontece porque as redes sociais são bidirecionais, ou seja, nas redes o político pode interagir diretamente com o eleitor, receber feedbacks imediatos e ajustar as estratégias de campanha em tempo real. Já a TV era fortemente unidirecional, pois a mensagem era transmitida sem possibilidade de resposta.
Entretanto, muitos candidatos, tanto aqueles vencedores quanto aqueles derrotados, pareceram despreparados para essa nova realidade. Alguns não se adaptaram ao novo comportamento do eleitor e não souberam usar bem as redes. Isso gerou uma desconexão com o público, que agora espera um nível de engajamento que as campanhas televisivas tradicionais não conseguem oferecer.
As redes sociais também introduziram novos desafios, como a rápida disseminação de desinformação e fake news, algo que ocorreu fortemente em São Paulo. Candidatos que não conseguiram gerenciar eficazmente suas presenças online ou combater informações falsas viram suas campanhas prejudicadas. Fato é que a habilidade de navegar nesse ambiente digital complexo e em constante mudança tornou-se essencial para o sucesso eleitoral.
Olhando para o futuro da democracia, é evidente que as campanhas políticas precisarão se adaptar ainda mais às mudanças tecnológicas. A personalização da mensagem, a autenticidade no engajamento e a capacidade de responder rapidamente a crises são habilidades que se tornarão cada vez mais valiosas. Além disso, o papel dos algoritmos e a necessidade de regulamentação das plataformas digitais serão temas centrais nas discussões sobre a integridade eleitoral.
Indiscutivelmente, o futuro da política dependerá da capacidade não só dos políticos, mas dos seus marqueteiros de entenderem e se adaptarem a essas novas dinâmicas, garantindo que a democracia continue a evoluir em um mundo cada vez mais digital e, por isso mesmo, um mundo mais interativo, mas, ao mesmo tempo, mais inacessível, pois está repleto de bolhas digitais.
Rafaela Lôbo
Mestre em análise do discurso pela UFMG, empresária e CEO da Scriptus Comunicação