RAIMUNDO COUTO

Há 58 anos na estrada

Redação O Tempo


Publicado em 09 de julho de 2014 | 03:00
 
 
 
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Uma data tão importante e simbólica passou quase sem ser notada pela mídia de um modo geral, pela imprensa especializada, por montadoras e fabricantes de autopeças. O último 16 de junho não merecia terminar sem pelo menos um grande registro: nesse dia e mês, há 58 anos, foi criado, por meio do Decreto 39.412, o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), a partir do plano de metas de Juscelino Kubitschek, que possibilitou que as primeiras fábricas a se instalassem no ABC paulista, região constituída pelas cidades de São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano do Sul. Foi a partir daí que começou de verdade o desenvolvimento industrial no Brasil. 

Quatro anos antes da assinatura do decreto que deu vida ao GEIA, foram importados US$ 420 milhões em veículos, o que significava, naquele tempo, cerca de 200 mil unidades. Esse número já dava a noção do potencial do mercado para uma indústria nacional. A partir da criação do GEIA, chefiado pelo Almirante Lúcio Meira, o primeiro carro produzido aqui saiu do forno: era o DKW, produzido pela Vemag, sob a licença da Auto Union. Após o DKW, vários carros começaram a surgir, e grandes fabricantes passaram a se instalar aqui de vez, com o objetivo não apenas de montar, mas fabricar os carros. Caso da Volkswagen, que em 1957 lançou a Kombi 1.200 com selo tupiniquim. 

A chegada dos carros da DKW e da Volks teve um outro papel importante na história: com eles, o Brasil passou a se alinhar com o mercado europeu, deixando de lado os modelos americanos. As fábricas de automóveis com grandes investimentos, geração de emprego e renda representam (ainda hoje) um verdadeiro divisor de águas para a economia do país. É por esse motivo que a data que marca a passagem dos 58 anos da indústria automobilística brasileira é tão emblemática. 

Do Democrata e do JK, automóveis produzidos nos já longínquos anos da década de 50 do século passado, a esta parte, o setor percorreu uma caminhada segura, produzindo veículos que, a cada ano, se tornaram mais eficientes, seguros e confortáveis, que não deixam nada a desejar em conforto aos produtos estrangeiros que hoje são comercializados por aqui, salientando-se, todavia, suas características próprias. Estamos nos referindo a apenas uma delas, pois num largo espaço de tempo os automóveis cupês eram os donos de nossas ruas, quando os Fuscas eram a grande maioria em nossas vias urbanas e rodovias. Uma explicação: no manual do proprietário e nas peças promocionais de lançamento do VW 1.200 e, depois, 1.300, o carro é caracterizado como sedã, por ter três volumes distintos, o porta-malas na frente, o habitáculo para os passageiros e o motor traseiro em um cofre independente, sem acesso ao interior. 

Em todos esses anos, o panorama sofreu radical transformação, fruto das exigências de conforto e segurança, que a cada dia se tornam maiores. Nesse contexto, é até de se estranhar que nenhuma de nossas montadoras tenha se lembrado do evento, enfim, são 58 anos de uma história com saldo positivo e que vale a pena ser relembrada, afinal o automóvel sempre foi, é e sempre será um objeto de desejo, verdadeira paixão nacional.

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