RAIMUNDO COUTO

Nova realidade

Como um exemplo, duas montadoras alemãs rivais, Mercedes e BMW, estão se unindo em uma proposta para desenvolver tecnologias de condução autônoma


Publicado em 20 de março de 2019 | 03:00
 
 
 
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Todas as tendências estão indicando que, a partir de agora, será muito comum uma parceria entre grandes empresas com o objetivo de diminuir custos na divisão de projetos que visam agregar valor ou a seus produtos, ou aos serviços prestados por estas companhias.

Mas não será, necessariamente, a compra ou a aquisição de uma pela outra nem uma espécie de aliança, como aconteceu entre a Renault e a Nissan, que agora está sendo contestada pela segunda. 

Será mesmo um compartilhamento do que de melhor uma pode oferecer à outra em busca de um ganho comum para ambas. Como um exemplo, duas montadoras alemãs e concorrentes, Daimler AG (Mercedes-Benz) e BMW, a primeira de Stuttgart e a segunda com sede em Munique, estão se unindo em uma proposta para desenvolver, em conjunto, tecnologias de condução autônoma. E não é para um futuro tão distante; esperam colher frutos desse esforço conjunto já em meados do próximo ano.

CEO da BMW, Harald Krüger, e o da Mercedes, Dieter Zetsche

Além das novas tecnologias de condução autônomas, sistemas de assistência ao motorista também são foco dessa parceria. As duas empresas assinaram um “memorando de entendimento” para formalizar a parceria, que é fundamental para a mobilidade do futuro e representa uma cooperação estratégica de longo prazo cujo objetivo é disponibilizar no mercado essas tecnologias em 2020. 

Por meio do acordo, as empresas poderão compartilhar as suas expertises e experiências de modo a acelerar o desenvolvimento das futuras tecnologias, com ciclos de inovação mais curtos. 

Além da sinergia e do pioneirismo, para ambas as empresas a segurança dos ocupantes e dos pedestres é um tema fundamental para a confiabilidade desses novos sistemas. O trabalho conjunto seguirá diversas etapas de automação, como os níveis três e quatro (rodovias) ou até mesmo em áreas urbanas. O desenvolvimento das atuais tecnologias de automação não será afetado pela parceria.

Além disso, a Daimler AG e o BMW Group seguirão realizando parcerias com outras empresas de tecnologias e fabricantes de automóveis que podem contribuir para o êxito da plataforma.

Outras duas gigantes do automóvel que recentemente anunciaram um acordo similar, foram a Volkswagen e a americana Ford, que, no último dia de imprensa, durante o Naias 2019, ou Detroit Auto Show, em janeiro último, não só confirmaram a intenção de se unirem em uma parceira industria, como foram mais além e detalharam planos e projetos futuros que resultarão deste acordo. 

Em linhas gerais, as duas montadoras, em conjunto, produzirão veículos comerciais, dividirão suas expertises em tecnologia para o desenvolvimento de automóveis elétricos e autônomos e, a grande novidade, passarão a disputar o concorrido mercado de picapes, de mãos dadas. Desta forma, a plataforma e o powertrain (motor e caixa) serão os mesmos para ambas, o que as identificará será o design externo e, claro, o logo que cada uma delas, Ford e VW, ostentará na grade dianteira. 

É mesmo um caminho sem volta, e dificilmente sobreviverá nos novos tempos em que estamos vivendo quem pensar que poderá seguir sozinho, assumindo elevados custos que poderiam ser divididos, sem contar com a possibilidade que esse tipo de casamento, em que cada um vive na sua casa, permitirá: o compartilhamento de um dos maiores valores que possui uma empresa, o know-how e a expertise adquiridos ao longo de tantas décadas no mercado. Quem viver verá...

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