RENATA NUNES

Amor entre amigos

Redação O Tempo


Publicado em 26 de junho de 2015 | 03:13
 
 
 
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Recebi o e-mail do Fernando nesta semana. Ele falava de amor. De amor de amigo. Uma forma sublime de amar. Ou intensa, depende dos elos construídos. Cada encontro cria histórias diferentes – algumas para a vida inteira, outras para momentos específicos da jornada. Afinidade, circunstância ou convivência e, de repente, nasce uma amizade. O texto do Fernando foi um convite à reflexão, um agradecimento ao amigo Alfredo.

Os dois caminham juntos faz tempo. Construíram famílias, conquistaram e perderam empregos, aposentaram-se. Fernando não sabe contabilizar quantos clássicos de futebol viram juntos ou quantas vezes exaltaram as qualidades de suas mulheres (isso quando não estavam reclamando delas). Também não pode mensurar o número de discordâncias ao longo de tantos anos. Nunca verbalizou a saudade que sentiu quando o Alfredo se mudou da capital. Não são irmãos, mas, muitas vezes, foram chamados assim.

Agora, Fernando sente-se “velho, ranzinza e meio adoentado”. Está mais perto dos filhos, longe do Alfredo e de outros amigos. Acredita que não vai viver muito. Não sou eu que estou dizendo. Foi o próprio quem fez essa afirmação no e-mail que me escreveu. E ainda pediu: “Fale do amor de amigo numa crônica”. Desde que li as palavras do Fernando, não encontrei nada melhor para traduzir seu pedido do que a transcrição da história dessa amizade. Anos de parceria, gratidão e amor. Um amor que nunca foi dito, mas seguiu subentendido e precisava ser contado.

Amizade pode ser para a vida toda ou simplesmente significar um período especial. São encontros distintos, cada qual com seu peso e sua função. Um amigo nunca será igual ao outro. Pelo menos para mim, não. Cada amigo constrói uma história diferente nesse laço de camaradagem. Talvez, o segredo das boas relações esteja na sabedoria da troca. Um dá ao outro não necessariamente o que tem de melhor, mas o que de melhor o outro precisa. Sou muito agradecida por ter amigos e por tudo que dividimos juntos.

Às amigas da vida inteira, agradeço pelo amor que sinto quando as vejo. Pelo que são capazes de resgatar em mim quando estamos juntas: uma alegria mágica e juvenil. Hoje nos encontramos pouco, mas sei exatamente quem são, o que se tornaram, a essência de suas almas, seu melhor e seu pior. Quando estamos juntas, é como se o tempo pudesse parar ali.

Também agradeço aos amigos que chegaram depois. Cada qual em um novo tempo, completando lacunas que faltavam para fazer de mim alguém melhor. Aos que acolhem, aos que alegram, aos que abraçam, aos que transbordam carinho, aos que falam tudo que preciso ouvir (mesmo que essas verdades não sejam tão fáceis de lidar) ou que simplesmente são companheiros no silêncio.
Um obrigada, enfim, aos amigos que permitem transformar o apreço em amor. Para os que pensam no imaterial, para os que são como estrelas e iluminam os dias ruins, para os que acreditam e investem em momentos, como se fossem únicos e sempre especiais.

Ao Fernando, agradeço por me escrever, valorizar a amizade, trazer o tema à tona e me ajudar a dizer que entre amigos há muito amor.

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