RICARDO CORRÊA

Três vitórias e uma derrota

Redação O Tempo


Publicado em 24 de fevereiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Enquanto a eleição estadual esquenta em Minas Gerais, há muitos comemorando pequenas vitórias e apenas um grupo amargando reveses em sequência: aquele há mais tempo ligado ao antes hegemônico PSDB mineiro. Do outro lado, Rodrigo Pacheco (hoje, MDB, amanhã, DEM), Marcio Lacerda (PSB) e o governador Fernando Pimentel (PT) ganharam motivos para comemorar.

Após a já esperada derrota no MDB, Rodrigo Pacheco mostrou que aprendeu rápido o jogo da política. Suas articulações têm sido, até aqui, as mais eficientes e lhe permitem sonhar com um resultado bem diferente do experimentado há dois anos, quando acabou em terceiro na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte.

Naquela ocasião, em meio a uma disputa polarizada entre Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB) durante todo o primeiro turno, Pacheco queixava-se da dificuldade de sobressair como uma terceira via, diante de um cenário de pulverização de candidaturas menores. O emedebista dizia que, assim que conseguisse fincar o pé no terceiro lugar nas pesquisas, iria deslanchar. De fato foi o que aconteceu, mas apenas na reta final da campanha, ficando tarde demais para ameaçar qualquer um dos primeiros colocados.

Agora, o cenário é completamente diferente. Pacheco nem sequer precisa se contentar em ser a terceira via. Ele já polariza a disputa com Pimentel. Basta ver quanto espaço recebeu na imprensa no último mês. Perdendo ou ganhando batalhas, só se fala de Pacheco. Ele já foi pintado como o candidato cobiçado por meia dúzia de legendas, passou a esnobar a maior liderança que Minas produziu nos últimos 20 anos – o hoje combalido senador Aécio Neves –, tem portas abertas no DEM e impôs aos tucanos e seus aliados uma grande derrota ao encaminhar um apoio do PP a seu projeto eleitoral.

A terceira via de momento é Marcio Lacerda, apontado como um negociador de pouca habilidade e com reconhecida dificuldade de comunicação, embora sempre receba elogios por sua gestão à frente da capital mineira. Com a derrocada de Dinis Pinheiro no PP, praticamente selou o direito de ser o cabeça de chapa no Estado em uma aliança entre os dois. Com o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) como candidato ao Senado em sua chapa, tende a atrair ainda outras legendas descontentes com tucanos e petistas. Se fizer isso, evitará o isolamento que seu então vice, Délio Malheiros, enfrentou na fracassada tentativa de manter o poder na capital.

Fernando Pimentel, por sua vez, comemora o sucesso da estratégia da bancada de deputados do MDB, que adiou a decisão sobre prévias para facilitar um novo acordo com o petista. Além disso, com a divisão de seus oposicionistas, ganha fôlego nas articulações para permanecer por mais quatro anos no Palácio da Liberdade. Isso, claro, se conseguir mesmo quitar as dívidas frequentes com municípios e acabar com os atrasos dos salários do funcionalismo.

Em inferno astral está mesmo o PSDB. Por conta da presença do desgastado Aécio, vê seus adversários correrem da sigla como o diabo foge da cruz. Em desespero, a legenda sabe que só tem um nome em seus quadros capaz de reunir antigos aliados, por conta de seu potencial eleitoral. Antonio Anastasia, porém, parece ter percebido que não vale a pena entrar nesse barco, e, aí, os tucanos vão naufragando.

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