Ricardo Lebourg Chaves

Joana d’Arc, a santa clariaudiente

Ela afirmava que recebia mensagens espirituais orais


Publicado em 11 de novembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Inúmeras são, sem dúvida alguma, as polêmicas que envolvem, até os dias atuais, a vida militar, política, religiosa e espiritual da santa católica Joana d’Arc. Conforme alguns sociólogos e historiadores contemporâneos, Joana nasceu, possivelmente, em 1412, no Reino de Lorena, que pertencia à França medieval. Não podemos negar, de certa maneira, que essa santa revelou, ainda muito jovem, enorme sensibilidade humana para as coisas relacionadas com o mundo metafísico, sobrenatural ou espiritual.

De fato, Joana afirmava abertamente que recebia mensagens espirituais orais de são Miguel, de santa Catarina de Alexandria, bem como de santa Margarida de Antioquia. Assim, e segundo os ensinamentos técnicos, filosóficos e científicos do moderno kardecismo europeu, Joana realmente pode ter recebido mensagens espirituais por meio de vozes, pois ela é considerada pela história uma verdadeira paranormal clariaudiente, isto é, espécie de dom mediúnico em virtude do qual o médium ouve vozes e sons, os quais não podem ser percebidos pelos sentidos biológicos considerados comuns pela medicina materialista.

Ressalte-se, ainda, que essa santa teve significativa participação militar, política, religiosa e espiritual no que tange à Guerra dos Cem Anos, a qual, como sabemos, foi travada entre a França e a Inglaterra durante os séculos XIV e XV. Realmente, e conforme alguns relatos históricos ligados à Idade Média, essa médium europeia comandou, algumas vezes e com certo êxito, o exército francês contra as invasões promovidas pela Inglaterra.

Não obstante o enorme sucesso de suas campanhas militares, essa heroína francesa foi capturada pelas tropas inimigas no ano de 1430 e foi entregue aos cuidados do bispo Pierre Cauchon. Logo após a sua prisão, essa mártir cristã foi levada a julgamento perante as autoridades responsáveis de sua época e foi acusada, entre outros aspectos, da prática de crimes militares, sociorreligiosos e políticos. Por conseguinte, Joana d’Arc acabou, com apenas 19 anos de idade, sendo condenada à morte na fogueira, em maio de 1431. De acordo com vários pesquisadores do assunto, a execução de Joana foi presenciada por milhares de pessoas na cidade de Ruão, e suas cinzas foram, logo em seguida, jogadas no famoso rio Sena.

Alguns anos após a sua injusta e lamentável morte na fogueira, o processo que condenou Joana foi rigorosamente revisado por ordem do papa Calisto III, e os responsáveis pela revisão consideraram o processo jurídico e canônico totalmente inválido. Consequentemente, essa heroína francesa foi absolvida, entre outros aspectos, das acusações de heresias, de bruxarias e de feitiçarias. Assim, Joana d’Arc se tornou, a partir de então, uma verdadeira mártir do cristianismo medieval, moderno e pós-moderno. Ressalte-se, por fim, que Joana foi beatificada e canonizada pela Igreja Católica Apostólica Romana somente no século XX, pelo papa Bento XV.

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