Segundo alguns pesquisadores do cristianismo contemporâneo, a Igreja Católica tem passado nas últimas décadas por inúmeras modificações no que tange à sua metodologia evangelizadora e catequizadora. É nesse contexto de mudanças metodológicas sociorreligiosas que enquadramos, sem dúvida alguma, o fenômeno religioso da Renovação Carismática, bem como o sacerdote Marcelo Rossi. De fato, e conforme alguns dados históricos ligados ao catolicismo pós-moderno, esse padre nasceu em São Paulo, em 1967, e estudou teologia na Universidade Nossa Senhora Assunção, tendo se ordenado sacerdote em 1994. Não obstante seu grande sucesso como evangelizador, não podemos negar que esse membro da Igreja se tornou, com todo respeito, um grande divulgador de alguns polêmicos dogmas católicos.

Assim, esse missionário cristão e os próprios carismáticos baseiam, por exemplo, grande parte de suas pregações religiosas no dogma mariano do “theotókos”, o qual foi proclamado pelo Concílio de Éfeso de 431 d.C. De fato, e segundo decisão tomada por esse polêmico concílio, a Virgem Maria passou a ser considerada mãe de Deus-Filho, ou seja, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Além disso, esse mesmo sacerdote também defende o dogma da Dormição, ou da Assunção de Maria, o qual afirma, literalmente, que Maria foi elevada ao céu de corpo e alma logo após o fim de sua vida terrena. Parece-nos, com todo respeito, que esse dogma católico contraria, de forma veemente, alguns ensinamentos que constam da própria Bíblia Sagrada.

Nesse sentido, não podemos esquecer-nos de que o apóstolo Paulo afirma que o corpo de carne e sangue não pode entrar no reino dos céus, vejam: “E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção” (1Co 15:50). Observe-se, ainda, que Paulo também ensina-nos que o corpo de carne e sangue deve semear a terra, cabendo, por conseguinte, a ressurreição atingir apenas os corpos espirituais. Confiram: “Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual” (1Co 15:44). Nesse mesmo contexto, o evangelista João também nega, de certa maneira, o dogma da Assunção ao afirmar: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu” (Jo 3:13). Assim, fica claro, portanto, que apenas Cristo, o Deus-Filho de Maria, subiu em corpo espiritual ao céu.

Por fim, a doutrina da Transubstanciação, que foi proclamada pelo Concílio Ecumênico de Trento de 1545 d.C., é também outro grande dilema dogmático que envolve a fé dos carismáticos e os ensinamentos do padre Marcelo, pois a Transubstanciação atribui ao sacerdote, durante a eucaristia, o misterioso poder divino para transformar o pão e o vinho no corpo e sangue de Jesus Cristo. Por tudo isso, não podemos negar que o padre Marcelo e os carismáticos vêm contribuindo muito para transformar o cristianismo numa religião confusa, paradoxal e irracional.