RICARDO PLOTEK

Há males que vêm para bem

Redação O Tempo


Publicado em 27 de junho de 2015 | 03:00
 
 
 
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O Campeonato Brasileiro é o único que não parou entre os países que participam da Copa América. Ainda bem!

Claro que o prosseguimento do calendário nacional durante uma competição oficial que envolve a seleção segue sendo uma aberração intrínseca à desorganização do nosso futebol.

Contudo, diante da bolinha ridícula que joga a equipe, o torcedor brasileiro pelos menos tem opção que lhe permite contar com alguma coisa futebolisticamente decente para ver na TV, mesmo com as Séries A, B e C ainda no começo e apenas esquentando.

Como se não bastasse toda a limitação mental de Dunga, vide a excrescência dita por ele ontem (“Eu até acho que eu sou afrodescendente de tanto que apanhei e gosto de apanhar”.), agora ele começa a mostrar outra característica que deixa o futebol do time nacional ainda pior: o medo.

Terminar o jogo contra a Venezuela, historicamente a pior seleção da América do Sul, com quatro zagueiros e tomando sufoco é demais, mesmo que a geração atual do futebol brasileiro realmente não seja das melhores, como exceção do genial Neymar, que já não está com a delegação no Chile, mais um motivo para que os jogos do Brasil sejam enfadonhamente ainda mais ruins.

Além da questão técnica, outro fator que tem afastado cada vez mais os brasileiros da seleção é a descrença nos dirigentes que tomam conta da equipe canarinho.

Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero são os três últimos presidente da CBF, entidade que “cuida” da seleção e que escolhe os técnicos para a equipe. Os três últimos foram Mano Menezes, que parece ainda ter algo para mostrar, e os ultrapassados Luiz Felipe Scolari e Dunga. Sem falar no 7 a 1, que parece não ter sido suficiente para despertar esses dirigentes para o fundo do poço técnico, moral e organizacional em que o futebol brasileiro se meteu e insiste em ficar.

Porém, este sábado, que terá a partida pelas quartas de final da Copa América entre Brasil e Paraguai, reserva um grande evento para “metade” da torcida mineira, com transmissão ao vivo pela TV aberta.

Alex, um dos maiores ídolos da história do Cruzeiro, terá um jogo de despedida no Mineirão. Esse, sim, um evento que merece atenção. Se não pelo apelo competitivo, pela questão emocional, pois se trata de uma justa homenagem ao líder do inesquecível time de 2003, que conquistou a Tríplice Coroa, feito nunca alcançado por outro clube no Brasil.

Já a outra “metade” da torcida do Estado vive a expectativa do duelo de amanhã, pelo Brasileiro, também no Gigante da Pampulha, o primeiro do Atlético no novo horário para jogos da Série A, às 11h, um sucesso incontestável de público.

Essas partidas aos domingos pela manhã mostram que a torcida responde quando os dirigentes pensam nela, e não apenas em interesses comerciais para marcar os horários das partidas, como às 22h de dias de semana ou às 21h de sábado.

Quem sabe essa muito bem-sucedida experiência comece a incutir na cabeça de quem comanda o nosso futebol que o torcedor é a razão de ser dessa atividade.

As futuras gerações precisam ser cativadas para que continuem a consumir o produto futebol. A TV dá muito dinheiro aos clubes, é verdade, mas não mais dará se não mais houver interesse no até então esporte nacional.

Só para não dar margem a qualquer ilação sobre preferências clubísticas deste colunista, amanhã o Cruzeiro também entra em campo pela Série A.

Voz dissonante. Muitos colegas criticaram o árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci pela atuação no jogo Chile e Uruguai, na Copa América, assim como ocorrera na partida entre São Paulo e Corinthians, na atual Libertadores. Não entendo! Quando juízes não coíbem a violência, são criticados por não preservarem os craques. Quando expulsam agressores, também são criticados. Criticar por criticar é fácil. Difícil é ser coerente, coisa que muitos jornalistas não sabem o que é.

Politicamente chato. A regra não especifica o grau de uma agressão para que ela suscite expulsão. Tanto faz um chutinho de Emerson em Rafael Toloi, como um tapinha de Cavani em Jara, que usou de expediente muito comum, provocar o adversário, que cai se quiser. Comentaristas que nunca jogaram bola condenam a atitude de Jara, como se o futebol fosse uma atividade de monges budistas. Quem dera todos os árbitros fossem como Ricci no critério disciplinar. Já o técnico é discutível.

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