RICARDO PLOTEK

Os gols continuam

Redação O Tempo


Publicado em 29 de agosto de 2015 | 03:00
 
 
 
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Romário foi o melhor atacante que vi jogar, o Pelé da área, e continua marcando belos gols, mesmo depois de ter parado de jogar. Mas é preciso analisar sua atual atividade com ressalvas, mesmo que ela, como a anterior, faça muito bem para o futebol brasileiro.

Hoje senador pelo PSB do Rio de Janeiro, o ex-jogador preside a CPI do Futebol, que está fechando o cerco a José Maria Marin, preso na Suíça por causa de fortes indícios de envolvimento no escândalo de corrupção da Fifa, e a Marco Polo Del Nero, o presidente da CBF, que era vice de Marin quando ele dirigia a entidade no mandato anterior ao que vige. São praticamente a mesma coisa no que diz respeito ao modo de encarar a atividade de dirigente.

Desde que enveredou para o caminho da política, se aproveitando de sua enorme popularidade, justamente conquistada, Romário começou a atacar os dirigentes da CBF, desde Ricardo Teixeira aos dois citados acima. A questão é que, quando jogador, ele nunca teve nenhum aceno nesse sentido, de mostrar e combater as mazelas do futebol, sem papas na língua.

Talvez temesse represálias – mesmo sendo Romário, talvez não tivesse a visão que tem hoje, ou, o mais provável, estivesse em uma cômoda situação e não quisesse arrumar sarna para se coçar.

Ao encerrar a carreira, percebeu ou foi orientado que bater nos dirigentes poderia lhe guindar a um cargo público. Em 2010, foi eleito deputado federal e, em 2014, senador. Deve ser candidato à prefeitura do Rio em 2016.

Sua atuação como parlamentar é louvável e seu discurso de descer a lenha nos gastos com a Copa e com a Olimpíada também. Só esqueceu de se negar a participar de propagandas que não teriam sido feitas se o Mundial no Brasil não tivesse acontecido. Mas nem tudo é perfeito, muito menos o Romário de fora de campo. Dentro, era quase.

Outro fato que pode ter contribuído, e muito, para que o Baixinho assumisse essa postura atual foi o nascimento de sua filha mais nova, Ivy, portadora de síndrome de Down. Como parlamentar, ele abraçou a causa das pessoas com necessidades especiais e nunca tentou esconder a contingência que a vida lhe impôs, outro bom exemplo do senador.

Voltando à CPI, sob o comando de Romário, foram quebrados os sigilos fiscais e bancários de Marin e de Del Nero, o que pode materializar o que já se desconfia há muito tempo.

A CPI pode ajudar a Justiça dos Estados Unidos, que comanda as investigações sobre o esquema de corrupção na Fifa, e a Justiça dos Estados Unidos pode ajudar a CPI com o que já conseguiu colher contra o Marin e Del Nero, também investigado pelos norte-americanos.

Logo após ter deixado a Suíça às pressas após a prisão de Marin, Del Nero deu entrevista, já no Brasil, dizendo que se viu obrigado a voltar por causa do momento delicado para o futebol, achando que alguém acreditaria. Depois, não foi para a Copa América nem para a reunião da Fifa que definiu uma nova eleição para a presidência da entidade, deixando claro o medo de ser preso. Isso pegou muito mal e a situação de Del Nero piorou. Ontem, piorou ainda mais, pois o Supremo Tribunal Federal negou pedido do dirigente, que pleiteava a anulação da quebra de seus sigilos. O que será que ele teme?

Quando deu a entrevista ao voltar da Suíça, ele disse que não renunciaria, e não o fez, até agora, ficando no foco das atenções e correndo riscos ainda maiores. Teimosia que está lhe custando caro. Está nas cordas e não joga a toalha, lembrando alguém que cuida de coisas muito mais importantes. Nesse caso, o custo está sendo muito mais alto e abrangente.

Não deu. Os times mineiros foram eliminados da Copa do Brasil já na primeira fase em que participaram, um mau sinal. Por outro lado, Atlético e Cruzeiro vão poder se dedicar exclusivamente ao Brasileiro, um desafio bem diferente para os rivais, pois o Galo briga pelo título e a Raposa para não cair. Os dois clubes precisam mostrar que não sentiram o golpe, tarefa muito mais difícil para o Cruzeiro.

Esperança. Claro que ainda é muito cedo, mas Gabriel Jesus pode ser o cara no ataque do Brasil na Copa de 2018, ao lado de Neymar. O garoto do Palmeiras é muito bom, rápido, habilidoso e não se apavora na cara do gol. Arrebentou diante do Cruzeiro na quarta-feira e mostrou que a seleção deve estar diante de um futuro atacante que nos faça esquecer de Leandro Damião e de Roberto Firmino, o atual titular.

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