Estava assistindo ontem à TV boliviana e à preocupação do governo do país vizinho com as queimadas que estão acontecendo em praticamente todo o país. O entrevistado era o ministro do Meio Ambiente e da Água da Bolívia, Carlos Ortuño, que, entre outras informações, afirmou que a Bolívia e o Paraguai concordaram em unir esforços para combater os gigantescos incêndios florestais que atingem os dois territórios e atacam a flora e a fauna.
A área afetada por incêndios no departamento boliviano de Santa Cruz (leste) atinge 654 mil hectares, enquanto, no Paraguai, os focos, na fronteira entre as duas nações, ainda não foram quantificados. O funcionário acrescentou que, no momento, as autoridades dos dois países estão “em plena implementação de medidas de contingência”. Os incêndios foram causados na Bolívia pela queima de campos cultivados, uma prática ancestral chamada “chaqueo”, segundo a qual a cinza melhora a qualidade da terra para o plantio. Essa é a verdade sobre as queimadas nos países vizinhos. Já no Brasil, as queimadas acontecem desde sempre. Em 2015, o número de incêndios florestais no país aumentou 27,5%.
De acordo com o Instituto de Pesquisas Espaciais, a quantidade se aproximou do recorde histórico, registrado em 2010. Os Estados do Pará, Mato Grosso, Maranhão e Bahia concentraram o maior número de casos. Apesar de a seca facilitar a propagação do fogo, o que aumenta o tamanho das áreas afetadas, a ação humana, proposital ou não, é a responsável pelo crescimento.
Fazer uma queimada é o jeito mais barato de se limpar uma área para aproveitá-la para fins agropecuários. A técnica não será necessariamente ruim se for feita de forma controlada. O problema é que, no Brasil, grande parte dos focos ocorre em áreas protegidas, onde qualquer tipo de queimada é ilegal. É por isso que o problema se repete, com variações numéricas de acordo com o clima, ano após ano. Os períodos mais secos são os com mais queimadas.